07 agosto 2010

Sem hora para acabar

Acostumada a chegar junto com o início do segundo semestre, a temporada de seca, este ano, veio com tudo na Amazônia. Quem dá o sinal é o fogo, que tem se espalhado pelo bioma. Virada a folha do calendário, o mês de julho foi mais um em que os focos de queimada ficaram acima do registrado nos últimos anos. Mais de seis mil focos foram identificados na Amazônia Legal somente esse mês, um aumento de 40% em relação ao mesmo período de 2008 e de 175% se comparado a 2009. Uma pista de que ainda vem muita labareda pela frente.

Segundo levantamentos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), os próximos meses na região podem ser ainda menos úmidos que o normal. Com a evolução do fenômeno La Niña no Pacífico, a tendência é que a massa de ar seco permaneça forte pelo próximo trimestre, principalmente no Acre, Rondônia e no Mato Grosso. Prato cheio para que as chamas se alastrem.

“Considerando que esse deve ser um ano mais seco, o cenário pode se agravar ainda mais”, diz Raquel. Para o pesquisador Alberto Setzer, que está à frente do monitoramento de queimadas pelo Inpe, os índices medidos até julho são uma faísca do que ainda está por vir. Segundo ele, tudo isso representa apenas cerca de 10% de tudo o que ainda será queimado esse ano.

“Nem as unidades de conservação, que são áreas protegidas por lei, estão escapando. Se uma pessoa toca fogo numa área no entorno, a queimada pode facilmente perder o controle e chegar às UCs”, afirma Raquel Carvalho. Segundo os dados do Inpe, elas já estão chegando, e em todo o Brasil. Desde janeiro, foram 4.045 focos registrados em unidades de conservação, um aumento de 124,3% em relação ao mesmo período de 2009. Nas Terras Indígenas, a situação segue o mesmo caminho. Até agora, 3.563 focos foram identificados, contra 968 no ano anterior.

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