31 julho 2011

Miséria persiste em 30 das 200 cidades com PIB mais alto

Imagem comum onde há muito dinheiro nas mãos de poucos.


Olhando apenas para a atividade econômica, o município de São Desidério parece uma ilha de prosperidade no extremo oeste da Bahia.

A intensiva produção de algodão, soja e milho faz a cidade, de 28 mil habitantes, se orgulhar de ter a segunda maior produção agropecuária do país, e o 112º PIB per capita (soma de bens e serviços produzidos, dividida pelo total de habitantes) entre os 5.564 municípios brasileiros.

Essa aparente riqueza, no entanto, não se traduz em bons indicadores sociais.
Tal contradição se repete em municípios onde a riqueza é gerada por empreendimentos industriais ou lavouras de exportação que concentram renda e criam relativamente poucos empregos.

De acordo com o Censo de 2010 do IBGE, 30% da população de São Desidério, por exemplo, vive em domicílios com renda média per capita inferior a R$ 70, linha de miséria do governo federal.


Comparando o PIB per capita, o município está entre os 2% mais ricos do país. Analisando a miséria, figura entre os 20% mais pobres.


Uma análise feita pela Folha nos indicadores sociais dos 200 municípios de maior PIB per capita mostra que São Desidério não é um caso isolado. Em 30 dessas cidades, a proporção de brasileiros vivendo com menos de R$ 70 per capita fica acima da média nacional, de 9,6%.
A maioria desses municípios é de pequeno porte, mas concentra grandes empreendimentos, o que explica que o PIB per capita seja elevado.


Entre as características mais comuns deste grupo estão atividades ligadas à indústria de petróleo (dez casos), cultivo de soja ou grãos (oito) e hidrelétricas (cinco).
Segundo Júlio Miragaya, economista do Conselho Federal de Economia, essas atividades geram muita riqueza, mas empregam pouco.


José Ribeiro, economista e demógrafo da OIT (Organização Internacional do Trabalho), concorda: "É importante desmistificar a ideia dos grandes empreendimentos como agentes exclusivos do desenvolvimento".


Sheila Zani, responsável pelo cálculo do PIB municipal do IBGE, faz outra ponderação: nem sempre a riqueza gerada é absorvida pela cidade. "Muitos dos empregados mais qualificados moram em grandes centros, onde a é renda absorvida."


Se não há necessariamente geração de emprego local, algumas dessas cidades ao menos deveriam se beneficiar de arrecadação maior. "Mas a gestão municipal não consegue reverter o montante expressivo de impostos na melhoria das condições de vida", diz Ribeiro, da OIT.
Em São Desidério, é fácil entender por que o PIB não se traduz em bem-estar. Há grandes fazendas com lavouras mecanizadas. Os donos moram em outras cidades e chegam de avião. A riqueza fica na mão de poucos e vai para fora da cidade.


Fonte: Folha.com

Pais e Filhos




Estátuas e cofres e paredes pintadas
Ninguém sabe o que aconteceu.
Ela se jogou da janela do quinto andar
Nada é fácil de entender.
Dorme agora,
é só o vento lá fora.
Quero colo! Vou fugir de casa!
Posso dormir aqui com vocês?
Estou com medo, tive um pesadelo
Só vou voltar depois das três.
Meu filho vai ter nome de santo
Quero o nome mais bonito.
É preciso amar as pessoas
Como se não houvesse amanhã
Porque se você parar pra pensar
Na verdade não há.
Me diz, por que que o céu é azul?
Explica a grande fúria do mundo
São meus filhos
Que tomam conta de mim.
Eu moro com a minha mãe
Mas meu pai vem me visitar
Eu moro na rua, não tenho ninguém
Eu moro em qualquer lugar.
Já morei em tanta casa
Que nem me lembro mais
Eu moro com os meus pais.
É preciso amar as pessoas
Como se não houvesse amanhã
Porque se você parar pra pensar
Na verdade não há.
Sou uma gota d'água,
sou um grão de areia
Você me diz que seus pais não te entendem,
Mas você não entende seus pais.
Você culpa seus pais por tudo, isso é absurdo
São crianças como você
O que você vai ser
Quando você crescer?

29 julho 2011

Reformulado, índice Big Mac aponta real a moeda mais cara do mundo


O índice Big Mac, calculado pela revista "The Economist" aponta que o real é a moeda mais cara do mundo.

De acordo com o estudo, que neste ano passou a considerar não apenas o preço do sanduíche, mas também o PIB (Produto Interno Bruto) per capita dos países, a moeda brasileira está 149% sobrevalorizada sobre o dólar, mais que qualquer outra no mundo.
Em seguida, aparecem o peso colombiano, com sobrevalorização de 108% sobre a moeda norte-americano, e o argentino, com 101%.

Sob esse critério, o yuan, a moeda chinesa, não estaria tão subvalorizada ante o dólar quanto reclamam os americanos: a tabela aponta uma sobrevalorização, inclusive, de 3%.
No critério antigo, no entanto, que considera apenas o preço do sanduíche, o Brasil se mantém atrás de Noruega, Suíça e Suécia. O Big Mac por aqui custa US$ 6,16, o quarto mais caro da lista.

Com esse preço, a sobrevalorização é de 52%, já que o sanduíche nos Estados Unidos custa US$ 4,07. No caso da China, sob essa metodologia, haveria subvalorização de 44% --mais em linha com as reclamações do governo dos EUA.

O Big Mac mais caro do mundo é o da Noruega, vendido por US$ 8,31.

Fonte: Folha.com

28 julho 2011

Britânico compara adiar acordo climático a tentar acalmar Hitler

Adolf Hitler.


Líderes mundiais que se opõem a um acordo global para combater a mudança climática estão cometendo um erro similar ao dos políticos que tentaram acalmar Adolf Hitler antes da Segunda Guerra Mundial, disse um ministro britânico na quinta-feira.
O ministro da Energia e Mudança Climática, Chris Huhne, disse que os governos precisam redobrar os esforços para encontrar um substituto ao Protocolo de Kyoto para as emissões, embora seja improvável que haja um avanço na conferência deste ano em Durban, na África do Sul.
A crise econômica global tirou da agenda política a busca por um tratado legalmente vinculante para limitar as emissões que aquecem o planeta e os países não querem perder competitividade ao adotar sozinhos metas climáticas rigorosas, afirmou ele.
Em um discurso em que exortou os países a manter a pressão por um acordo climático, Huhne evocou a memória do líder britânico Winston Churchill e a luta contra a Alemanha nazista sob o comando de Hitler.
"A mudança climática tem recebido menos atenção política agora do que há dois anos. Há um vácuo e as forças da pouca ambição estão preenchendo esse espaço", disse ele. "Ceder às forças da pouca ambição seria um ato de apaziguamento climático.
"Esse é o nosso momento Munique", acrescentou ele, referindo-se ao Acordo de Munique, um pacto de 1938 que deu a Hitler terras da antiga Tchecoslováquia numa tentativa frustrada de convencê-lo a abandonar novas expansões territoriais.
"Winston Churchill...disse uma vez que 'um conciliador é alguém que alimenta um crocodilo, esperando que ele o coma por último'."
O Protocolo de Kyoto, que controla as emissões de gás-estufa apenas nos países desenvolvidos, expira no fim de 2012. Os países em desenvolvimento querem estender Kyoto, mas Japão, Rússia e Canadá querem um acordo novo e mais amplo.
Os países mais pobres dizem que as nações ricas emitiram a maioria dos gases-estufa depois da Revolução Industrial e que devem estender o Protocolo de Kyoto antes de se esperar a sua adoção pelos países pobres.
Huhne, no entanto, afirmou que não há tempo a perder se o mundo quer evitar temperaturas mais altas capazes de produzir uma mistura catastrófica de secas, tempestades, doenças e elevação do nível das marés.
"Não podemos esperar cada país se tornar igual, porque isso significaria esperar pela eternidade", disse ele à plateia no instituto Chatham House, em Londres. "Em algum momento, devemos desenhar uma linha e dizer: isso começa agora. Isso começa aqui."
Fonte: UOL

Novo acordo global para o clima não vai sair este ano, afirma negociador


Acordo nem no papel.


Um acordo climático global para substituir o Protocolo de Kyoto ainda é possível, mas não será alcançado neste ano, disse nesta quarta-feira (27) o principal negociador neozelandês para essa questão, o ministro Tim Groser.
Segundo ele, inevitavelmente haverá uma lacuna depois que expirar a primeira etapa de Kyoto, em 2012. Divergências entre países ricos e pobres sobre como controlar as emissões de gases do efeito estufa geram um impasse na substituição do Protocolo de Kyoto, o atual tratado climático da ONU, que obriga cerca de 40 países industrializados a reduzirem suas emissões até 2012.
Há vários anos a ONU promove discussões para tentar prorrogar Kyoto a partir de 2013 ou definir um novo acordo que estipule metas de redução das emissões para grandes nações poluidoras hoje isentas de obrigações, especialmente China, Índia e EUA.
"É como a água gotejando em uma pedra", disse Groser sobre o ritmo lento das negociações. "Raramente há uma reunião crucial. Trata-se de uma lenta construção sobre uma base internacional", afirmou.
Debate
Todos os principais países desenvolvidos e emergentes participaram de uma reunião sobre o tema em Auckland, com exceção da China. Groser disse não saber a razão dessa ausência.
As discussões se voltaram para questões técnicas como a medição, notificação e verificação das emissões em cada país. Diversos países, particularmente os Estados Unidos, exigem um sistema transparente que demonstre se as nações estão ou não cumprindo suas metas.
No mês passado, houve avanços ao longo de duas semanas de negociações na Alemanha, mas ainda há uma lacuna entre países desenvolvidos e não-desenvolvidos a respeito de quem deve arcar com o maior ônus na redução das emissões.
Os países pobres alegam que a responsabilidade deve ser dos ricos, que causaram a maior parte do aquecimento global por virem queimando combustíveis fósseis desde a Revolução Industrial, no século 18. Por outro lado, o rápido crescimento econômico dos emergentes também se reflete em grandes emissões de carbono, a ponto de a China já ter se tornado o maior poluidor mundial.
"Posso ver todo tipo de razão para (o acordo) não acontecer, mas posso ver um cenário em que aconteceria", disse Groser.
Ele opinou que seria um equívoco depositar expectativas de definição de um acordo nas grandes reuniões internacionais, como já aconteceu na reunião de Copenhague em 2009. O próximo grande evento desse tipo será no final deste ano em Durban, na África do Sul.

Cachorros de Palha [10]



O fetiche da Escolha
Para os gregos pré-socráticos, o fato de que nossas vidas sejam contidas por limites era o que nos fazia humanos. Ter nascido como um mortal, num dado lugar e tempo, forte ou fraco, rápido ou lento, bravo ou covarde, belo ou feio, sofrendo uma tragédia ou sendo poupado dela - esses aspectos de nossas vidas nos são dados, não podem ser escolhidos. Se os gregos pudessem ter imaginado uma vida sem eles, não a teriam reconhecido como a vida de um ser humano.
Os gregos antigos estavam certos. O ideal da vida escolhida não combina com a maneira como vivemos. Não somos autores de nossas vidas: não somos nem mesmo co-autores dos eventos que nos marcam mais profundamente. Quase tudo que é mais importante em nossas vidas é não-escolhido. O tempo e o lugar em que nascemos, nossos pais, a primeira língua que falamos - isso são acasos, não escolhas. É o fluir casual das coisas que molda nossas mais significativas relações. A vida de cada um de nós é um capítulo feito de eventos acidentais.

Trecho de Cachorros de Palha, de John Gray.

Cachorros de Palha [9]



Moralidade imoral
O príncipe de Maquiavel há muito tem sido condenado por pregar a imoralidade. Ele ensina que qualquer um que tente ser honrado na luta pelo poder certamente acabará se lamentando: conquistar e manter o poder requer virtu, audácia e um talento para a dissimulação. (O ensinamento de Maquiavel é escandaloso mesmo hoje, quando todo mundo quer ser um príncipe.) O Leviatã de Hobbes foi atacado por observar que na guerra a força e a fraude são virtudes. A lição de A fábula das abelhas, de Bernard de Mandeville, é que a prosperidade é guiada pelo vício - por avareza, vaidade e inveja. Se Nietzsche ainda tem o poder de chocar, é porque mostrou que algumas das virtudes que mais admiramos são sublimações de motivos - como crueldade e ressentimento - que mais fortemente condenamos.

Trecho de Cachorros de Palha, de John Gray.

Cachorros de Palha [8]



A in-santidade da Vida Humana
"A escala da morte produzida pelo homem é o fato central moral e estrutural de nosso tempo", escreve Gil Elliot. O que torna especial o século XX não é o fato de estar coberto de massacres por todo lado. É a escala de suas matanças e o fato de que foram premeditadas em nome de vastos projetos de aperfeiçoamento mundial.
Progresso e assassinato em massa andam um ao lado do outro. Assim como diminuiu o número de mortos por fome e praga, também aumentou a morte por violência. Assim como a ciência e a tecnologia avançaram, também avançou a proficiência em matar. Assim como cresceu a esperança por um mundo melhor, também cresceu o assassinato em massa.

Trecho de Cachorros de Palha, de John Gray.

Cachorros de Palha [7]



A moralidade como Superstição
A idéia de "moralidade" como um conjunto de leis tem uma raiz bíblica. No Antigo Testamento, a boa vida significa viver de acordo com a vontade de Deus. Mas não há nada que diga que as leis dadas aos judeus têm aplicação universal. A idéia de que as leis de Deus aplicam-se igualmente a todos é uma invenção cristã.
O alcance universal do cristianismo é visto, usualmente, como um avanço em relação ao judaísmo. Na verdade, foi um passo atrás. Se existe uma lei aplicável a todo mundo, todo modo de vida, exceto um, tem que ser pecaminoso.
Faz sentido pensar a ética em termos de leis quando se trata - como no Antigo Testamento - de um modo de vida particular sendo codificado. Mas que sentido faz a idéia de leis que se aplicam a todos? Não seria essa idéia de moralidade apenas uma feia superstição?


Trecho do livro Cachorros de Palha, de John Gray.

Beethoven Piano Concerto No. 5

25 julho 2011

Palestra sobre o Código Florestal - Prof. Dr. Sergius Gandolfi - USP





Cachorros de Palha [6]



Contra o culto da Personalidade
A se acreditar nos humanistas, a Terra - com sua vasta riqueza de ecossistemas e formas de vida - não tinha nenhum valor até que os humanos entrassem em cena. Valor é apenas uma sombra feita pelos humanos, com seus desejos ou escolhas. Apenas pessoas têm algum tipo de valor intrínseco. Entre os cristãos, o culto da pessoalidade pode ser perdoado. Para eles, tudo de valor no mundo emana de uma pessoa divina, a cuja imagem os humanos são feitos. Mas, uma vez que abramos mão do cristianismo, a própria idéia de pessoa torna-se suspeita.
(...) Ser uma pessoa não é a essência do que é ser humano, mas apenas - como a história da palavra sugere - uma de suas máscaras. Pessoas são apenas humanos que assumiram a máscara transmitida à Europa durante as últimas poucas gerações e a tomaram como sua própria face.


Trecho do livro Cachorros de Palha, de John Gray.

Cachorros de Palha [5]



Fé Animal
Os filósofos sempre tentaram mostrar que não somos como outros animais, que vivem explorando o mundo com o olfato, meio às cegas. No entando, depois de todo o trabalho de Platão e Spinoza, Descartes e Bertrand Russel, não temos mais razão do que outros animais para acreditar que o sol surgirá amanhã.


Trecho do livro Cachorros de Palha, de John Gray.

Cachorros de Palha [4]



O ponto crucial de Schopenhauer
Ao contrário de Kant, Schopenhauer estava pronto para seguir os seus pensamentos aonde quer que estes o levassem. Kant afirmou que, a menos que aceitemos que somos um self autônomo, provido de vontade livre, não podemos dar sentido à nossa experiência moral. Schopenhauer respondeu que nossa experiência real não é a de estarmos escolhendo livremente o modo como vivemos, mas de estarmos sendo levados pelas nossas necessidades corporais - o medo, a fome e, acima de tudo, o sexo. O sexo, como escreveu Schopenhauer em uma das inúmeras inimitáveis passagens que dão vida a seus trabalhos, "é o fim último de quase todo o esforço humano (...) Sabe como disfarçadamente passar seus bilhetes de amor e cachos de cabelo para as pastas ministeriais e os manuscritos filosóficos". Quando tomados pelo amor sexual, dizemos a nós mesmos que ficaremos felizes quando ele for satisfeito, mas isso é apenas uma miragem. A paixão sexual capacita a espécie para a reprodução; ela não dá a menor importância ao bem-estar individual ou à autonomia pessoal. Não é verdade que nossa experiência nos compila a pensarmos acerca de nós mesmos como agentes livres. Ao contrário: se realmente olharmos para nós mesmos, saberemos que não o somos.


Trecho do livro Cachorros de Palha, de John Gray.

24 julho 2011

Estudo mostra que floresta absorve 1/3 do CO2 emitido no ar

Manter as florestas é um dos melhores mecanimos do aquecimento global.

As florestas do mundo absorvem um terço de dióxido de carbono (CO2) que é oriundo da queima de combustíveis fósseis na atmosfera, segundo um estudo internacional que alerta paralelamente para as consequências dramáticas do desmatamento no contexto do aquecimento global.

"Se amanhã suspendermos o desmatamento, as florestas existentes e aquelas em estado de reconstituição absorverão a metade das emissões de combustíveis fósseis", ressaltou Pep Canadell, coautor do estudo divulgado pela revista americana "Science".

As florestas do planeta absorvem 2,4 bilhões de toneladas de carbono por ano, segundo este primeiro estudo com dados das contribuições das florestas boreais, tropicais e das regiões temperadas para o ciclo do carbono.
O desflorestamento é responsável pela emissão de 2,9 bilhões de toneladas por ano, ou seja, cerca de 26% do total das emissões.

Apenas as emissões de combustíveis fósseis atingem mais 8 bilhões de toneladas por ano.
Os dados, relativos ao período 1990-2007, foram reunidos durante dois anos por uma equipe internacional de pesquisadores especialistas em aquecimento global.

O estudo mostrou pela primeira vez que nas regiões tropicais o volume de carbono emitido devido ao desflorestamento foi contrabalançado pelo absorvido pelas florestas primárias intactas, tendo no final um balanço de carbono quase nulo.

Os pesquisadores indicaram que as emissões de CO2 durante o desflorestamento foram compensadas pela absorção de CO2 pela regeneração das florestas secundárias nas regiões onde a agricultura foi abandonada.

Segundo Canadell, duas lições principais podem ser tiradas deste estudo.
"As florestas não são apenas enormes reservatórios de carbono, mas absorvem também ativamente o CO2 produzido pelas atividades humanas. As florestas também assumem cada vez mais a dianteira em uma estratégia para proteger nosso clima," segundo ele.

A segunda lição mostra que é possível obter ganhos econômicos com uma gestão melhor das florestas, aproveitando principalmente benefícios com a redução do desflorestamento bem "maiores que o que se pensava".

Ele frisou principalmente o aspecto financeiro do mercado do carbono e as compensações previstas no mecanismo Redd+ (redução das emissões devidos ao desflorestamento e à degradação das florestas).

Esse mecanismo, adotado formalmente na conferência da ONU sobre o clima em Cancun (México) no final de 2010, tem como objetivo estimular os países que têm florestas tropicais a evitar desflorestá-las ou a administrá-las de maneira durável, obtendo compensações financeiras.

Litoral norte de SP sofre com invasões em áreas de Mata Atlântica

A invasão da Mata Atlântica continua.


A perspectiva de uma vida a beira mar e a possibilidade de uma qualidade de vida melhor do que em outras regiões tornam atraentes as cidades do litoral norte de São Paulo. Essa qualidade também é causa das invasões e desmatamentos em uma região fundamental para a conservação da Mata Atlântica.

"É uma região extremamente importante do ponto de vista da conservação da biodiversidade e também, ao mesmo tempo, é uma das mais ameaçadas. Todo mundo gosta de praia, do litoral e todo mundo quer viver próximo", disse Márcia Hirota, diretora de gestão do conhecimento da organização da SOS Mata Atlântica.

Em São Sebastião, um levantamento feito por associações de bairro constatou 100 invasões e construções irregulares erguidas em um período de um ano e meio.

Na vizinha Caraguatatuba, a prefeitura está ampliando o número de fiscais para prevenir as ocupações irregulares. "O litoral norte e, principalmente, Caraguatatuba, está nessa fase de novos empreendimentos, com a vinda da Petrobras para região. E isto acaba atraindo uma perspectiva de trabalho muito grande, principalmente das pessoas que vêm do norte de Minas [Gerais] e do Nordeste", declarou o secretário adjunto de Meio Ambiente, Paulo André Cunha.

Segundo Cunha, existem no município 45 ocupações irregulares no entorno do Parque Estadual da Serra do Mar. Dessas, 29 estão em áreas de risco e a remoção das famílias, prioridade para a prefeitura, deverá ocorrer até dezembro.

O secretário de Cidadania e Desenvolvimento Social de Ubatuba, Claudinei Salgado, disse que a cidade tem 22 áreas de ocupação irregular, onde vivem cerca de 2 mil pessoas. Essas regiões foram "congeladas", colocadas sob vigilância para evitar a expansão das invasões.
Márcia Hirota atribui as invasões a uma falta de planejamento para o crescimento dos municípios. "Esses municípios precisam desenvolver um plano de expansão das cidades, justamente para evitar essas ocupações irregulares".

É fundamental, segunda a diretora da SOS Mata Atlântica, que sejam definidas as regiões onde serão construídos os empreendimentos que atenderão às novas demandas por habitação. "O que nós não podemos permitir que aconteça é desmatar áreas nativas para essa expansão, como ocorre em algumas regiões", declarou.

O monitoramento das prefeituras também é indispensável na contenção das ocupações irregulares, de acordo com Márcia Hirota. Explicou que como os desmatamentos são pequenos, menores que 3 hectares, até a vigilância via satélite é difícil. "Se não for imagem de alta resolução, é impossível ver no levantamento que a gente faz", diz referindo-se ao trabalho de acompanhamento dos remanescentes de Mata Atlântica realizado pela ONG.

A cooperação com a população foi a maneira que a prefeitura de Ubatuba encontrou para contornar a falta de recursos. Segundo Claudinei Salgado, a administração municipal tenta conscientizar os atendidos pelos programas de habitação para que denunciem a ocorrência de novas invasões. "Eles mesmos fiscalizam, se alguém for fazer alguma construção, eles mesmo denunciam para a prefeitura", disse o secretário de Desenvolvimento Social.

A ampliação dos programas habitacionais e a contratação de mais fiscais são as estratégias adotadas pela prefeitura de Caraguatatuba. "Estamos investindo na construção de unidades populares. Fazendo várias parcerias com CDHU [Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo] para que a gente possa ter unidades habitacionais com um capacidade de aquisição para a população de baixa renda local", disse Paulo André Cunha.
Apesar do esforço, ele admite que a cidade ainda tem dificuldades em reprimir as ocupações em regiões de mata nativa. "Todas as medidas que você acaba tomando não são suficientes para conter a demanda do problema".

O tamanho dos municípios é uma das grandes dificuldades, segundo o secretário de Meio Ambiente de São Sebastião, Eduardo Hipólito. Além disso, ele aponta como problema a atuação de moradores da região, que comercializam ilegalmente lotes em pontos de difícil acesso. "Eles conhecem bem o território, vendem com mais facilidade para as pessoas que não têm um conhecimento sobre toda a papelada necessária".

Código Florestal pode encarecer indenizações de desapropriações

Mais um ponto contra desse novo código.


A reforma no Código Florestal, em análise no Senado, deve ter um impacto econômico até agora insuspeito: no valor das desapropriações para reforma agrária e criação de unidades de conservação.

Ao mudar os parâmetros de área de preservação no interior de propriedades, a nova lei aumentará a área produtiva --passível de indenização pelo poder público para fins de desapropriação.

Para especialistas ouvidos pela Folha, o prejuízo aos cofres públicos pode chegar a dezenas de bilhões de reais.
"É uma caixa preta, cujos cálculos ninguém fez ainda", disse Herman Benjamin, ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) e conselheiro do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente).
Ele cita uma única indenização, na década de 1990, para a criação do parque nacional da Serra do Mar, em Ubatuba (SP). Na época, foi desapropriada uma área de 13 mil hectares, por R$ 1 bilhão. Hoje, o Estado de São Paulo deve mais de R$ 7 bilhões em desapropriações ambientais.

De acordo com o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), o tema chegou a ser discutido entre o instituto e o Ministério do Meio Ambiente.
Como o código ainda não foi aprovado, não foi feito um cálculo de qual seria o gasto adicional em indenizações.

MUDANÇAS
O texto do novo Código Florestal sugere mudanças tanto em APPs (Áreas de Preservação Permanente) quanto em reservas legais. No caso das APPs, áreas hoje consideradas intocáveis, como encostas, passarão a ter possibilidade de uso agrícola.

Acontece que hoje as APPs não são contabilizadas como área produtiva de propriedades. Por isso, não são passíveis de indenização para fins de reforma agrária ou criação de unidade de conservação caso sejam ocupadas.

"No instante em que você legaliza, especialmente áreas de pasto, isso passa a ter valor econômico", diz Benjamin. "Haverá alteração de todas as ações indenizatórias, não só em curso, mas já transitadas em julgado e em etapa decisória. Serão bilhões de reais", afirma o ministro.

Flávio Botelho, professor de agronegócio da UnB (Universidade de Brasília), explica que desapropriações poderão ocorrer em áreas de expansão agrícola --como no sul da Amazônia, em Mato Grosso, no Maranhão e no Piauí.
"Regiões como o Sul e o Sudeste, que são mais ocupados, tendem a sofrer menos modificações", afirma.

Benjamin diz que a discussão sobre o tema não pode ser fundamentada em "miudezas", mas no debate das linhas principais do código. "A lei jamais contará com a unanimidade. É evidente que haverá divergências se forem discutidos os pormenores. Ruralistas e ambientalistas devem reconhecer que todos perderão um pouco."

Para ele, as grandes linhas de orientação da reforma são a separação entre o futuro e o passado --determinar quais áreas são passivo ambiental e precisam ser recuperadas-- e o esclarecimento de que os dispositivos futuros não serão flexibilizados no tratamento das florestas existentes daqui para a frente.

23 julho 2011

Sistema de descarte de óleo de cozinha para residências



O descarte incorreto de óleo  de cozinha nas residências é um grande problema que agrava a poluição do solo e das águas. Um litro de óleo despejado pela tubulação convencional é suficiente para poluir cerca de 100m³ de água, encarecendo seu tratamento em 45%.
A empresa Eluma desenvolveu um sistema de descarte de óleo especialmente para prédios residenciais. Despejado por meio de uma tubulação de cobre em um reservatório apropriado, ele é armazenado e posteriormente descartado de forma adequada, evitando que chegue até a rede de esgoto.
O sistema já foi implantado em dois prédios, em Belo Horizonte (MG) e Santo André, no ABC paulista. A proposta é incentivar os empreendimento sustentáveis, diminuindo os custos de manutenção das instalações e do sistema público de esgoto. Há também a possibilidade de reverter renda para o condomínio com a venda do óleo usado, que poderá ser transformado em sabão, detergente ou sabonete por ONGs ou empresas especializadas que recolhem e pagam pelo material descartado.

Ibama multa fazenda que desmatava com corrente no Pará

E saiu barato mais uma vez.


Uma fazenda de gado em São Félix do Xingu, no sudoeste do Pará, foi multada em R$ 1,1 milhão pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) na quarta-feira (20).

Os funcionários do órgão chegaram de helicóptero ao local e identificaram 233 hectares de florestas que foram desmatadas com o uso de correntes, com tratores que arrancam as árvores pela raiz.

De acordo com os empregados da fazenda, o dono iria derrubar mais 500 hectares da mata nativa para plantar campim para alimentar o gado.
A área agredida, que seria usada como pastagem ilegal, foi embargada pelo Ibama e não poderá mais ser usada para regularização fundiária.

Carbono Zero e outras Balelas

Marcelo Szpilman.


Por Marcelo Szpilman*

No rastro dos debates das grandes questões ambientais, como sempre acontece, logo surgem os oportunistas surfando a onda com criativos produtos e belas campanhas de marketing. Como a bola da vez é o Aquecimento Global e as Mudanças Climáticas, a onda agora é prometer compensar (ou neutralizar) as emissões de carbono e gases do efeito estufa com o "mágico" plantio de árvores. Como Slogan, é muito bonito e reconfortante dizer que o plantio de árvores neutralizará totalmente as emissões de carbono de um evento ao público ou as emissões dos gases de efeito estufa do carro ou do avião que o transporta. Mas será que é verdade?

Ainda que essas promessas possam ter-lhe convencido, e trazido algum alívio para a consciência pesada, pare por alguns instantes e pense. Resgate seu bom-senso. Em primeiro lugar, tenha a exata noção da seguinte premissa: se todos nós quisermos seguir esse mesmo caminho "preservacionista", não haverá área suficiente para plantar todas as árvores necessárias. O que significa dizer que essa não é uma solução viável para o Planeta.

Mas tudo bem, vamos admitir que somente um parte seguirá esse caminho. Nesse caso, qual é a garantia que você tem de que a empresa responsável irá plantar as mudas das árvores? Quais espécies serão plantadas e em que áreas? Quem delas irá cuidar durante os longos 20 ou 30 anos que levarão para tornar-se adultas? Ou você não sabia que no cálculo que aponta o número de árvores necessárias para neutralizar suas emissões gasosas, ou seja, para concretizar a prometida compensação, utiliza-se o coeficiente de captura de CO2 da árvore adulta? E mais; dependendo da espécie, esse coeficiente será bem diverso. Quem lhe garante também que suas árvores chegarão à vida adulta? Aliás, quem lhe garante que a empresa responsável (contratada) pelo plantio estará viva e cuidando das suas árvores daqui há 20 ou 30 anos? Infelizmente, você não obterá respostas satisfatórias a todas essas dúvidas.

Não está-se falando aqui, e é bom que fique bem claro, de empresas e projetos sérios nessa área e dos programas de recomposição da mata nativa e de reflorestamento. A recuperação das áreas degradadas, especialmente nas encostas dos morros e entornos de rios e mananciais, e o replantio feito pela indústria de papel e celulose são ações que devem sempre ser incentivadas e apoiadas.

Entretanto, se até o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) critica o forte apelo de marketing das campanhas de Carbono Zero, o caminho não pode ser o insidioso discurso: "continue consumindo e gerando emissões de carbono sem preocupações; nós limparemos sua barra plantando árvores". Seria ótimo para todos nós se pudesse ser assim. Mas não é. Não há outro caminho sustentável de longo prazo senão o consumo consciente, a preservação dos recursos naturais e a reciclagem dos materiais e resíduos.

Pense nisso! Não se deixe levar por soluções oportunistas e milagrosas.
Associe-se, contribua e participe de ações, entidades e projetos atuantes e respeitados por seu longo e verdadeiro trabalho em favor da Natureza.

*Marcelo Szpilman, Biólogo Marinho formado pela UFRJ, com Pós-Graduação Executiva em Meio Ambiente (MBE) pela COPPE/UFRJ, é autor do livro GUIA AQUALUNG DE PEIXES, editado em 1991, de sua versão ampliada em inglês AQUALUNG GUIDE TO FISHES, editado em 1992, do livro SERES MARINHOS PERIGOSOS, editado em 1998/99, do livro PEIXES MARINHOS DO BRASIL, editado em 2000/01, do livro TUBARÕESNO BRASIL, editado em 2004, e de várias matérias e artigos sobre a natureza, ecologia, evolução e fauna marinha publicados nos últimos anos em diversas revistas e jornais e no Informativo do Instituto Aqualung. Atualmente, Marcelo Szpilman é diretor do Instituto Ecológico Aqualung, Editor e Redator do Informativo do citado Instituto, diretor do Projeto Tubarões no Brasil (PROTUBA) e membro da Comissão Científica Nacional (COCIEN) da Confederação Brasileira de Pesca e Desportos Subaquáticos (CBPDS).

20 julho 2011

Presidente do Ibama causa polêmica em entrevista a TV australiana

Curt Trennepohl, presidente do Ibama.

O presidente do Ibama, Curt Trennepohl, causou polêmica ao dizer a uma equipe de TV australiana que seu trabalho não é cuidar do ambiente, e sim minimizar impactos ambientais. Depois, sem saber que estava sendo filmado, sugeriu que o Brasil faria com os índios a mesma coisa que a Austrália fez com os aborígenes, população nativa do país da Oceania.
As declarações foram dadas à repórter Allison Langdon, do programa “60 Minutes”, que fazia uma reportagem sobre a licença de instalação da usina de Belo Monte, assinada por Trennepohl.
Na entrevista, Langdon confrontou o presidente do Ibama. Disse que seu antecessor, Abelardo Bayma, renunciara devido à pressão pelo licenciamento da usina que, segundo organizações ambientalistas, afetará os índios do Xingu, no Pará.
‘TRANQUILO’
A repórter da Nine Network perguntou a Trennepohl se ele estava tranquilo com a decisão de licenciar a obra.
“Sim, a decisão foi minha”, respondeu Trennepohl.
“Mas seu trabalho não é cuidar do ambiente?”
“Não, meu trabalho é minimizar os impactos.”
Após a entrevista, sem saber que ainda estava com o microfone ligado, Trennepohl tentou argumentar com a jornalista australiana:
“Vocês têm os aborígenes lá e não os respeitam.”
“Então vocês vão fazer com os índios a mesma coisa que nós fizemos com os aborígines?”, questionou Landgon.
“Sim, sim”, respondeu Trennepohl.
Hoje há cerca de 500 mil aborígines na Austrália, compondo menos de 3% da população do país.
Ao longo do século 19, os colonos britânicos que ocuparam a ilha chegaram a conduzir campanhas de extermínio, com recompensas pela morte de aborígines. O caso mais grave foi o da Tasmânia, Estado onde toda a população aborígine não mestiça tinha sumido em 1876.
AGREDIDO
Procurado pela Folha, o presidente do Ibama disse que foi agredido verbalmente pela repórter e que não afirmou “de forma nenhuma” que seu trabalho não era cuidar do ambiente brasileiro.
“Essa moça chegou numa atitude extremamente agressiva, disse que eu estava acabando com os índios.”
Segundo Trennepohl, “a função do órgão licenciador é minimizar impactos quando um empreendimento é licenciado. Quando não dá para minimizar, nós indeferimos”, afirmou.
Ele disse que não comentaria as declarações sobre os aborígines da Austrália.

14 julho 2011

SBPC quer Comissão de Ciência no debate sobre Código Florestal


O Senado deve decidir nesta terça-feira se vai incluir a Comissão de Ciência da casa na discussão sobre o novo Código Florestal. Por enquanto, estão confirmadas as comissões de Agricultura e de Meio Ambiente e Defesa do Consumidor no debate.

"Não é por falta de pedido. Estamos mandando uma série de cartas para o Senado pedindo a inclusão de cientistas e estamos sendo ignorados", disse a presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), Helena Nader, durante a reunião anual da entidade, em Goiânia.

De acordo com Nader, a participação da Comissão de Ciência é fundamental para que seja atingido um "equilíbrio" nas discussões.
"A ciência não tem mote e nem viés político, como as comissões de Agricultura e de Meio Ambiente", disse.

NOVO DOCUMENTO
A SBPC e a ABC (Academia Brasileira de Ciências) divulgaram na última sexta-feira (8) mais um documento enfatizando a necessidade de participação de cientistas na discussão na nova legislação sobre manejo de florestal, que tramita no Senado desde final de maio.

"Não incluir a Comissão de Ciência na análise da reforma do Código Florestal seria fechar os olhos aos avanços científicos e tecnológicos que o país tem conquistado e, ainda desconsiderar a importância desses avanços para o desenvolvimento sustentável", descreve o documento.

O cientista florestal José Antonio Aleixo, da UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco), coordenador do grupo de trabalho da SBPC sobre o assunto e um dos autores do documento, lembrou que dados científicos estão sendo ignorados pelos políticos por falta de participação de especialistas no debate.

"Outro dia ouvi dizerem que o Rio Grande do Sul ficará sem videiras se não liberarem o plantio em topos de morros [acima de 1.800 metros]. Só que a área mais alta da serra gaúcha tem 1.400 metros", destacou Aleixo.

PLANO 'B'
Conforme a Folha apurou, caso a Comissão de Ciência do Senado fique de fora da discussão, existe a possibilidade de que cientistas sejam convidados para o debate via Comissão de Ambiente da casa. A proposta teria sido levantada pelo senador Jorge Viana (PT-AC).

"Isso é uma alternativa a se considerar. Mas o que queremos mesmo é que a Comissão de Ciência entre na discussão", enfatizou Nader.
A chefe da SBPC contou que chegou até a pedir ao deputado Sarney Filho (PV-MA) que "conversasse com o pai", o senador José Sarney, para que os cientistas fossem ouvidos. "Mas não deu em nada. Não sei o que está acontecendo com a família Sarney."

Países amazônicos se unem para medir desmatamento

A Amazônia pensada como realmente é.


Os países da região amazônica iniciarão em agosto uma série de estudos para medir a taxa de desmatamento dessa zona, que abriga 20% das reservas de água doce do planeta, anunciou nesta segunda-feira (11) em Quito a associação que os representa.

O monitoramento sobre desmatamento busca harmonizar critérios para medir a perda de área verde, que varia de país para país, explicou o diretor-executivo da OTCA (Organização do Tratado de Cooperação Amazônica), o boliviano Mauricio Dorfler.

Trata-se do primeiro estudo desse tipo de alcance regional, e contará com especialistas de Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, destacou Dorfler.
Entre as causas do fenômeno do desmatamento, o diretor mencionou a pressão sobre o uso da terra, a agricultura, a exploração madeireira e a extração de minerais.

A OTCA também empreenderá em agosto o primeiro estudo de recursos hídricos fronteiriços, com o objetivo de promover uma melhor e mais adequada utilização da água, disse Dorfler.

A Amazônia representa 6% da superfície do planeta. Contém mais da metade do parque úmido tropical e 20% das reservas de água doce do mundo, o que a converterá em um território estratégico frente a fenômenos como o aquecimento global, segundo a OTCA.
A região abarca 7,4 milhões de quilômetros quadrados - equivalentes a 40% da superfície do território sul-americano. É uma das mais diversas da Terra, um "grande espaço de riqueza cultural", sendo habitada por 420 povos indígenas, disse Dorfler.