29 janeiro 2011

O estado das universidades brasileiras

Aluno mercadoria.


Uma fonte de informações interessantes do estado atual da academia é representada pelos quadros de avisos de universidades. Entre anúncios tipo - aluga-se vaga em república feminina, vendem-se bicicleta com 12 marchas, geladeira semi-nova e um Gol 1998 em bom estado - aparecem chamadas vagamente relacionadas com estudo e carreira; por exemplo, avisos de palestras e cursos. 

Um tema que vem aparecendo mais e mais nos quadros de aviso, mas também em jornais e revistas que de vez em quando se ocupam de educação e afins, é o empreendedorismo. Assim mesmo: com dois ‘és’. Todos nós sabemos do que se trata: uma atitude independente e corajosa, que pressupõe espírito de iniciativa, destemor ao risco e, por fim, conhecimento técnico, atitudes “manageriais” e um bocado de ambição.

Com minha longa experiência de quadros de aviso de universidades posso atestar que nossa juventude está sendo bombardeada por mensagens que endeusam a tal atitude. Os recipientes são estudantes das engenharias e ciências da computação, como também físicos, químicos e biólogos. Não consigo me livrar da impressão de que as mensagens carreguem a silenciosa premissa de que seguir uma carreira acadêmica ou fazer carreira, primeiro em chão de fábrica e depois em atividades mais estratégicas, seja próprio dos menos capazes. Talvez esteja sendo injusto, mas é o que implica a adjetivação utilizada, que recobre de méritos o engenheiro (ou químico, ou físico...) empreendedor, e lhe aponta como inevitável o sucesso de sua pequena empresa, invariavelmente de base científica e com grande carga de inovação. 

Em torno dessa idéia, a partir de 1984 começam a nascer os parques tecnológicos, que hoje no Brasil são mais de duzentos (na minha cidade tem dois), alimentados por diversos tipos de financiamento; CNPq, Secretaria de Ciência e Tecnologia dos Estados, etc., e cujo desempenho – perdas e ganhos – nunca foi apresentado aos pagadores de imposto. Notável é a ausência quase que completa de capital de risco provindo de grandes empresas ou mesmo de investidores pessoas físicas. 

Sabemos que o tempo presente é a era dos serviços, natural sucessora da era da indústria, e o empreendedorismo, alardeado como a vocação dos mais capazes, passou a formar um mercado per se, sobre o qual se pode ganhar dinheiro. Isso levou à proliferação de parques tecnológicos, incubadeiras de novas empresas e entes do tipo, que logicamente necessitam de presidentes, diretores e administradores, perpetuando-se assim o ciclo do existo porque existo e quero continuar existindo. Das empresas amparadas por esses Parques e incubadeiras sabe-se pouco, e as perguntas que se colocam são: qual a taxa de mortalidade – Suíça ou de terceiro mundo? Qual o peso econômico das empresas? Qual o seu nível tecnológico médio? 

Lembro-me de quando visitei a Feira de um desses Parques, e surpreso me deparei com o estande de uma (hoje falida) fábrica de tratores exibindo o seu já então vetusto produto. Naturalmente há exceções, e muitas, e pontos de vista diferentes, mas a intenção deste artigo não é tanto discutir os prós e contras do empreendedorismo no plano econômico ou no de formador de estruturas tecnológicas consistentes, como de levantar questões sobre o efeito que esse pesadissimo marketing da carreira possa ter sobre os estudantes.

Os apelos ao empreendedorismo deixam de mencionar que uma empresa de base tecnológica depende do aparecimento de uma idéia que não surge do ar, mas é pacientemente garimpada entre princípios científicos, experimentos e, principalmente, conhecimento de causa. Lembro que em uma eleição passada, o mote que acompanhava um dos candidatos era “deixe o homem trabalhar”. Eu adaptaria essa frase aos estudantes universitários (e secundaristas também): “deixem o estudante estudar em paz”. Sem o distrair continuamente com palestras de empreendedorismo, ou de como elaborar um curriculum vitae, escrever uma patente, e coisas do tipo. Tudo isso está sendo ministrado antes do tempo, e os que seguem essa sereia (porque é mais fácil ouvi-la do que espremer o cérebro sobre um texto de termodinâmica) acabam perdendo a oportunidade de se preparar melhor e fundamentar melhor suas idéias, que aí sim serão criativas.

A falta de engenheiros no Brasil é muito grande; formamos 30.000 profissionais por ano, pouco se comparado com a China – 400 mil; Índia – 250 mil, e Coréia do Sul – país pequenino com 50 milhões de habitantes que forma 80 mil engenheiros. A urgência é grande, e uma meta da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – órgão do MEC) é a evolução daqueles 30 mil para 40 mil nos próximos três anos. Esses números dão razão à CNI (Confederação Nacional da Indústria) que prevê um excesso de 150 mil vagas em setores técnicos. 

Mas além da questão quantitativa, há a qualitativa: José Roberto Cardoso diretor da Escola Politécnica da USP faz notar que "... só um entre quatro engenheiros possui formação adequada...”. De fato, dependendo de como se contam há 1.087 cursos no país, dos quais a metade em escolas particulares, e uma olhada nas notas do ENADE dessa metade explica as palavras do professor.

Se ainda por cima desviamos antes do tempo um porcentual de estudantes desse mercado, e o distraímos com falsas e anti - tempo preocupações, não estamos colaborando muito com a solução dos problemas, estamos?

(*) Professor do Departamento de Engenharia de Materiais, na Universidade Federal de São Carlos.


Marina sobre Belo Monte: De novo, o fantasma da política

Senadora Marina Silva.


A senadora Marina Silva entende que o consórcio Norte Energia, responsável pela obra da hidrelétrica de Belo Monte, usou uma "manobra" para driblar as exigências ambientais e conseguir a licença do Ibama e construir um canteiro. "O tempo todo fica esse fantasma da pressão política em cima dos gestores", lamenta. Para ela, há uma "anomalia" no órgão responsável por fiscalizar as normas ambientais. O Ibama, diz, está cedendo às pressões do Ministério de Minas e Energia, que cobra celeridade na construção.
Nesta quarta-feira (26), o Ibama anunciou a concessão de uma licença parcial, que dá direito à execução de parte das obras da usina no rio Xingu, em Altamira (PA). O Ministério Público Federal irá abrir um processo contra a licença, que entende como ilegal, uma vez que o recurso de licenças parciais não é previsto em lei para casos como esse. Além disso, a permissão estava ligada a uma série de condicionantes, como a criação de postos de saúde e poços de água para atender à população local. O promotor federal em Altamira, Bruno Gütschow, esteve em vistorias na região e confirmou à Terra Magazine que a maior parte dessas obrigações não foi cumprida.
Marina vê as condições impostas ao consórcio como indispensáveis. "O que não pode é usar isso como uma manobra para conseguir a licença e depois passar por cima das regras que você mesmo identificou como necessárias", ataca. "Ninguém faz uma cirurgia cardíaca quando o paciente não tem condições de fazê-la apenas por pressão política".
A senadora reclama ainda da ausência de planos que contemplem formas de geração de energia limpa e com baixo impacto ambiental. A urgência de construir Belo Monte para atender à demanda por energia, diz, não se explica. "Se sempre dependermos de uma obra para o País não ir à bancarrota, vamos ficar reféns da nossa própria incapacidade de ter um plano adequado para enfrentar o problema da infraestrutura no Brasil".

Belo Monte e a licença parcialmente explicada

Rio Xingu.

Não é só para o Greenpeace que essa história de licença parcial para a construção de canteiros de obras para a usina hidrelétrica de Belo Monte está mal contada. No jornal O Globo de hoje, Miriam Leitão e Marcos Sá Correa, no O Estado de S. Paulo, questionam e legalidade e a lógica desta decisão, tomada pelo novo e interino presidente do Ibama, Américo Ribeiro Antunes.
Um dia depois de ser concedida, o Ministério Público entrou com ação contra. Especialistas alegam que esta categoria de licença não existe na legislação. Para ser construída, Belo Monte ainda precisa da licença de instalação definitiva, que aguarda estudos de impacto. Mesmo sem a certeza que sairá do papel, a licença parcial do Ibama autoriza o desmatamento de uma área de até 238 hectares, incluindo 64 hectares em área de proteção permanente.
O consórcio Norte Energia, responsável pela construção da usina, precisa também de um empréstimo do banco estatal BNDES, que cobre cerca de 95% do custo da obra. Um dos critérios para o adiantamento do empréstimo é a não intervenção na região até que toda a obra seja autorizada. Será que com a liberação do Ibama o BNDES financia este desmatamento ilegal e ilógico?

Perguntas frequentes sobre Belo Monte


Quais municípios estariam na área de influência da usina?
Altamira, Anapu, Brasil Novo, Gurupá, Medicilândia, Pacajá, Placas, Porto de Moz, Senador José Porfírio, Uruará e Vitória do Xingu foram os municípios definidos pela Eletronorte como a área de abrangência da hidrelétrica de Belo Monte.
Estes municípios perfazem uma área total de mais de mais de 25 milhões de hectares, correspondendo a cerca de 20% do estado do Pará. Cerca de 70% desta área é constituída de unidades de gestão especial: unidades de conservação, terras indígenas, terras quilombolas e áreas militares.Mais de 300 mil pessoas vivem na região, que tem como elementos integradores a rodovia Transamazônica e o rio Xingu. Altamira é o maior centro urbano local, com mais de 70 mil habitantes.
Qual seria a área alagada pela usina de Belo Monte?
Conforme os últimos ajustes no projeto da hidrelétrica, os empreendedores estimam que a usina provocaria o alagamento de cerca de 640 Km2 (área maior que a cidade de Curitiba, com seus 435 Km2). De acordo com o Estudo de Impacto Ambiental do projeto, uma superfície territorial de 486,54 ha no perímetro urbano de Altamira será alagada e/ou desocupada por razão de segurança.
Parte do Xingu secaria?
No trecho de 100 km entre o sitio da barragem (Pimental) e Belo Monte os níveis da água do rio Xingu e do lençol freático baixarão como conseqüência da redução das vazões. Por isso é chamado Trecho de Vazão Reduzida (TVR). A queda dos níveis ocorrerá também no trecho final de vários tributários incluindo o rio Bacajá, principal tributário do Xingu no TVR, mesmo que este rio não sofra nenhuma redução de vazão.
Vários impactos biológicos e sociais têm sido associados com a redução dos níveis da água, como os problemas para a navegação e os efeitos sobre a Floresta Aluvial em toda a área afetada pelo rebaixamento do lençol freático, incluindo o território indígena dos índios Xikrin. Nesta área, foram computados 17.342 ha de vegetação dos pedrais e de 18.664 ha de florestas aluviais (sendo que partes dessas florestas encontram-se associadas com florestas de terra firme).
Quantas pessoas seriam afetadas pela hidrelétrica?
Além dos mais de 300 mil habitantes dos municípios de Altamira, Senador José Porfírio, Porto de Moz, Anapu, Vitória do Xingu, Medicilância, Gurupá, Brasil Novo, Placas, Uruará e Pacajá, das 14 milpessoas que vivem nas Resex do Rio Iriri, Riozinnho do Anfrísio, Verde para Sempre e Médio Xingu, e das 21 comunidades quilombolas da região, ainda não se sabe o número exato de pescadores, pequenos agricultores, garimpeiros e outros que seriam afetados pela usina.
De acordo com o projeto inicial da obra, cerca de 20 mil pessoas seriam desalojadas de suas terras e casas, mas o número pode chegar a 40 mil pessoas, de acordo com especialistas que acompanham o projeto.
Quantas terras indígenas seriam afetadas por Belo Monte?
A Bacia do Xingu é habitada por 24 etnias que ocupam 30 Terras Indígenas (TIs), 12 no Mato Grosso e 18 no Pará. Todas estas populações seriam direta ou indiretamente afetadas à medida que o Xingu e sua fauna e flora, além do seu entorno, fossem alterados pela usina. Na região de influência direta da usina, três Terras Indígenas seriam diretamente impactadas: a TI Paquiçamba, dos índios Juruna, e a área dos Arara da Volta Grande, que se situam no trecho de 100 km do rio que teria sua vazão drasticamente reduzida.
Qual seria a produção de energia de Belo Monte?
Belo Monte teria uma capacidade instalada de 11 mil MW de energia, mas, devido à sazonalidade do rio Xingu, este volume só seria produzido durante quatro meses ao ano. A energia firme (média anual da energia a ser produzida ) seria de apenas  4,5 mil MW, cerca de 40% de sua potência (em setembro, quando a seca do rio atinge seu auge, a energia produzida não passaria de 1,8 mil MW, por exemplo). Isso qualifica a hidrelétrica como um dos projetos com menor eficiência energética do país.
Qual é a situação legal do projeto de Belo Monte?
Apesar de ter recebido do Ibama a licença prévia que teoricamente autorizou a realização do leilão de Belo Monte, realizado em 20 de abril de 2010, uma série de Ações Civis Públicas (ACPs) tramitam na Justiça e, do ponto de vista jurídico, podem invalidar o processo e impedir a construção da usina no curto prazo. Apenas do Ministério Público Federal no Pará, são nove as ACPs que aguardam julgamento de mérito, e que tratam de irregularidades como: Licenciamento estadual para rio federal e empreendimento em terra indígena; O Congresso não autorizou o empreendimento, como exige a Constituição no artigo 231; Decreto Legislativo 788, de tramitação ultrarápida – menos de 15 dias – no Congresso Nacional; Índios afetados não foram ouvidos; Estudos de Impacto são iniciados sem o Termo de Referência obrigatório; As três maiores empreiteiras do país foram beneficiadas pela Eletrobrás com informações privilegiadas sobre o empreendimento.

Catadores de materiais recicláveis


O início fundamental da reciclagem começa com os catadores.


Antes de um material ser reciclado ele passa pelas mãos de muita gente, inclusive as dos catadores de lixo. O trabalho desenvolvido por esses profissionais impede que toneladas de alumínio, papel, plástico e vidro sejam depositadas em aterros sanitários ou lixões e se acumulem no meio ambiente.
No Brasil, de acordo com o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), a estimativa é que existam de 300 mil a 1 milhão de catadores em atividade no país, muitos deles reunidos em cooperativas e associações. Para que você conheça mais sobre essa classe trabalhadora, o EcoD separou alguns sites:

Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR)
Há quatro anos o Movimento Nacional de Catadores busca a valorização do trabalho desempenhado pelos profissionais da coleta de lixo. No site da organização, é possível conhecer mais sobre a classe, estar por dentro de notícias relacionadas a esse tipo de trabalho e conhecer as estruturas regionais espalhados pelas cinco regiões do país.

Rede Latinoamericana de Catadores de Material Reciclável
A Rede Latinoamericana de Catadores de Material Reciclável ainda está em processo de consolidação, visto que catadores dos diversos países latinoamericanos também estão se organizando como classe trabalhadora. Entretanto, países como Colômbia, Chile e Brasil já realizam encontros, conferências e exposições sobre iniciativas sustentáveis para o lixo.
No site da rede você fica por dentro de cada uma dessas ações.

Associação Nacional de Recicladores da Colômbia
Desde 1990 a Associação Nacional de Recicladores da Colômbia se reúne para compartilhar conhecimentos sobre a coleta de lixo. Esses encontros abriram espaço para que os profissionais identificassem duas problemáticas e se estruturassem.
No site da associação colombiana é possível encontrar as diversas regionais da classe, links de organizações amigas e os serviços prestados.

Cata Ação
O programa Cata Ação é uma iniciativa que visa melhorar as condições de vida dos catadores de materiais recicláveis. O site do projeto é utilizado como uma ferramenta para disseminar informações e contar experiências referentes à reciclagem do país.
Na página você também encontra reportagens, vídeos educativos e dicas, além de um blog que em breve será criado.


Marvin

Tempo Feliz & Som do Samba

28 janeiro 2011

Cheirando mal

Mais problemas que soluções.


Em mais uma trapalhada governamental, o Ibama concedeu ontem a licença de instalação parcial para o início do projeto de construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, no Pará. O órgão, que deveria proteger o meio ambiente, jogou contra a natureza e a favor da usina ao autorizar o desmatamento de 238 hectares necessários para a montagem dos canteiros de obra e dos acampamentos nas localidades de Belo Monte e Pimental.


O amplo parque hidrelétrico brasileiro contribui para que o país tenha uma “poupança de água”, ou seja, um reservatório de energia controlável. Não é o caso de Belo Monte. Segundo o responsável pela campanha de energia do Greenpeace Brasil, Ricardo Baitelo, a previsão é que a geração da usina ficará a dever no período da seca, o que fará com que a hidrelétrica tenha um aproveitamento muito abaixo da média das usinas no Brasil.


De acordo com o relatório Revolução Energética, lançado ano passado pelo Greenpeace, o que garantirá a segurança energética no país é o complemento da energia hidrelétrica com outras gerações, como a biomassa e a eólica, que têm capacidade de garantir fornecimento ao logo do ano, independente das chuvas. “Não precisamos de Belo Monte. Ela causará mais impacto ambiental do que benefícios”, diz Baitelo.]
Além das questões técnicas e do prejuízo social e ambiental que a obra causará, o documento emitido pelo Ibama, chamado "licença de instalação específica", não é reconhecido pelo Ministério Público Federal (MPF) como válido dentro do direito ambiental brasileiro, o que significa que ele pode ser questionado a qualquer momento na Justiça.


Contra a decisão do órgão ambiental, várias ONGs, entre elas o Greenpeace, aderiram ao abaixo-assinado produzido pelo Movimento Xingu Vivo Para Sempre contra a obra, que pode ser acessado clicando aqui.

Para ampliar Viracopos, Infraero terá que criar parque ecológico com 222 hectares

A ampliação dentro da lei.


A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) terá de implantar uma unidade de conservação ambiental de 222,8 hectares para compensar a derrubada de um trecho de mata de cerrado, necessária para a ampliação do Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP).

O Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema), vinculado à Secretaria de Meio Ambiente estadual, aprovou hoje (27) parecer técnico que permite que a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) emita a licença prévia para a primeira fase das obras de ampliação do aeroporto.

De acordo com a Secretaria do Meio Ambiente, a construção da segunda pista do aeroporto irá suprimir 82 hectares de mata nativa, que deverão ser compensados com a criação do parque ecológico, de acordo com a Lei do Cerrado Paulista. Outra exigência do Consema é que a Infraero adote um sistema para avaliação da emissão dos gases de efeito estufa e medidas compensatórias, se necessárias.



Fonte: http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2011/01/27/para-ampliar-viracopos-infraero-tera-que-criar-parque-ecologico-com-222-hectares.jhtm

Oásis artificial pode ser início de "floresta no deserto"

O protótipo do projeto.


Pesquisadores ingleses e noruegueses acreditam já dispor de toda a tecnologia necessária para que os oásis no deserto deixem de ser apenas miragens.
A Fundação Bellona, financiada pelo governo da Noruega, acaba de obter autorização do governo da Jordânia para construir o primeiro protótipo de um oásis high-tech.
Floresta no deserto
Sob o pretensioso nome de Projeto Floresta no Saara, a fundação começará, em 2012, a construir seu primeiro oásis, em um terreno de 200.000 metros quadrados, em Aqaba, próximo ao Mar Vermelho.
Se o projeto-piloto for bem-sucedido, a ideia é converter áreas desérticas inteiras em verdadeiras "florestas", fundamentadas na alta tecnologia e no aproveitamento dos recursos naturais.
Joakim Hauge, coordenador do projeto, afirma que a ideia é tirar proveito da abundância que o mundo tem de luz do Sol, água do mar, dióxido de carbono e terras áridas.
"Esses recursos podem ser usados para a produção lucrativa e sustentável de comida, água e energia renovável, ao mesmo tempo combatendo o efeito estufa ligando o CO2 a novas vegetações em áreas áridas," diz ele.
Oásis artificial
O oásis artificial será formado por uma usina termossolar - que usa o calor do Sol para gerar energia, e não o efeito fotovoltaico das células solares - e de uma estufa "alimentada" por água salgada.
Esta estufa de água salgada, cujo funcionamento já foi atestado em projetos-piloto em pequena escala, será usada para cultivar vegetais para alimentação e algas para produzir combustíveis.
Inicialmente, o ar que entra na estufa é resfriado e umidificado pela água bombeada do Mar Vermelho, criando condições propícias para o crescimento das plantas.
O ar interior chega então ao segundo evaporador, onde circula entre canos contendo água salgada quente - aquecida pelo Sol. O ar quente e úmido resultante será dirigido para uma série de canos verticais contendo a água do mar que saiu do primeiro evaporador.
Esse encontro causará a condensação de água doce do ar, que escorrerá pelos canos até coletores instalados em sua base.
Esse ambiente quente e úmido permite que os vegetais cresçam com um mínimo de irrigação.

27 janeiro 2011

Ibama libera licença para iniciar canteiro de obras de Belo Monte



O Ibama liberou nesta quarta-feira a licença de instalação da usina hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, no Pará. A licença será parcial, instrumento que não existe no direito ambiental brasileiro. Com ele, a Norte Energia, empresa que reúne os investidores, poderia iniciar a montagem do canteiro da obra.

O construção da usina em si, além do canteiro, ainda depende da licença de instalação definitiva, também pelo Ibama.

A liberação consta do sistema informatizado de licenciamento ambiental do Ibama. Procurados, o Ibama e o Ministério do Meio Ambiente não quiseram falar sobre a emissão da licença.

ENTRAVE
O processo de licenciamento foi conturbado. Os empreendedores negociavam com a agência ambiental e o governo a flexibilização dos prazos de cumprimento de algumas das 40 condicionantes impostas pelo Ibama na Licença Prévia, concedida antes do leilão da usina.

A Norte Energia argumentava que parte das condicionantes (pré-requisito para a concessão da licença de instalação) poderia ser cumprida posteriormente, sem prejuízo da região. O Ibama não havia aceitado o argumento.

O choque pode ter sido uma das razões para a saída do presidente do Ibama, presidente do Ibama, Abelardo Bayma. Ele alegou questões pessoais para deixar a presidência da agência ambiental.

No início do mês, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou que existem mais de 30 pendências ambientais emperrando projetos de energia no país. O principal deles, a construção da hidrelétrica de Belo Monte, poderia atrasar em um ano se a autorização do Ibama não saísse até fevereiro.

O Ministério Público Federal do Pará encaminhou ofício ao Ibama prometendo ações judiciais caso a licença de instalação seja dada com a flexibilização das condicionantes.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/866367-ibama-libera-licenca-para-iniciar-canteiro-de-obras-de-belo-monte.shtml

Caçadores de canela


Cinnamon Chasers - Luv Deluxe (Music Video) from Saman Keshavarz on Vimeo.



Vi no Anões em Chamas.

26 janeiro 2011

Vivaldi Summer's Theme Repaginado

Essa é uma versão do clássico de Vivaldi tocado com duas guitarras, por Manuel Iradian e David Evangelista.



Segue a versão original:

24 janeiro 2011

O testemunho como missão

O clima extremo no sul do país.

Um dos mais importantes conceitos que acompanham o trabalho do Greenpeace desde o seu nascimento, no início dos anos 1970 nas Ilhas Aleutas, é o bear witness, ou testemunho em português. Com o fim de denunciar, ou impedir um crime ambiental, a organização sempre acreditou que era preciso estar presente onde os fatos acontecem, em ato pacífico de testemunho.
Colocando em prática o conceito, uma equipe do Greenpeace está no Sul do Brasil, documentando a pior seca que já houve na região. Por aqui não chove direito, suficiente para irrigar plantações, dar de beber ao gado e abastecer a população do interior há quatro, cinco meses.
Os números do prejuízo econômico e social são altos, mas onde a seca se faz sentir é no rosto do produtor rural, na imagem dos animais famintos e dos fios d´água ao que se resumem alguns rios da região. Imagens que revelam as reais consequências do que significa para o homem viver em um mundo de extremos climáticos.
A equipe segue agora para o Rio de Janeiro para documentar o outro extremo desta história – chuvas avassaladoras que devastaram a região serrana do estado.

ONU: 373 desastres naturais mataram mais de 296 mil pessoas e custaram US$ 110 bi em 2010

O terremoto no Haiti matou mais de 220 mil pessoas.


Os 373 maiores desastres naturais registrados ao longo do ano passado mataram mais de 296,8 mil pessoas no mundo e custaram cerca de US$ 110 bilhões. Os dados foram divulgados hoje (24) pela Estratégia Internacional para a Redução de Desastres (cuja sigla em inglês é Unidr), órgão ligado às Nações Unidas, com base em informações do Centro de Investigação sobre a Epidemiologia dos Desastres (Cred).
O comando da Unidir alertou que é necessário definir uma estratégia preventiva para evitar que desastres naturais provoquem mortes e danos materiais tão elevados em todo mundo. De 8 a 13 de maio, em Genebra, na Suíça, será debatida a Plataforma Global para a Redução de Desastres.
"Se não agirmos agora, vamos ver mais e mais desastres, devido à urbanização desordenada e degradação ambiental. E desastres relacionados ao clima com certeza vão aumentar no futuro, devido a fatores que incluem as alterações climáticas ", disse a secretária-geral da Estratégia Internacional para Redução de Desastres, Margareta Wahlström.
(...)
A secretária-geral da Estratégia Internacional para Redução de Desastres, Margareta Wahlström, ressaltou que deve haver um trabalho conjunto dos “governos locais, líderes comunitários e demais parceiros” na busca por um planejamento urbano adequado. “É uma ferramenta estratégica e técnica para ajudar os governos nacionais e locais a cumprirem as suas responsabilidades para com os cidadãos”, disse.

Mais proteção. Não menos.

Desastres que serão cada vez mais frequentes.

“Podemos dizer quase com certeza que novos eventos extremos vão ocorrer” . O alerta, já martelado por aqui nos últimos dias, veio dessa vez da Organização Meteorológica Mundial (OMM). Em matéria do jornal Estado de S. Paulo, a especialista do órgão, Rupakumar Kolli, reafirma que a tragédia na região serrana do Rio não é caso isolado. “Vemos um aquecimento do planeta e um número cada vez maior de eventos climáticos extremos, e o que aconteceu no Brasil vai nessa direção”, disse.
O tema também voltou à Folha de S. Paulo, que escreveu editorial (aberto só para assinantes) falando de como as florestas são fundamentais para evitar ou amenizar desastres como o que matou cerca de 700 pessoas na última semana. E sublinha que qualquer proposta que abra as portas para mais desmatamento é um tiro no pé da própria população. “À vista do desastre recente, não parece boa ideia flexibilizar o Código Florestal para afrouxar normas que já deixam de ser cumpridas com deplorável frequência - tanto no meio rural como no urbano”.

A proteção que vem das matas

Mais de 70% de área verde desmatada.


Em entrevista ao Greenpeace, Milano fala de como as matas são fundamentais para a proteção dos solos, do clima e da própria população. Principalmente em margens de rios e encostas de morros. “As Áreas de Preservação Permanente (APPs) são uma questão de segurança pública”.


O que você viu pelo caminho?
Fui de férias. Mas quando você sai de férias e tem 30 anos de experiência e estudo não consegue passar batido por certas coisas. Vi uma seqüência de morros pelados, rios sem florestas nas margens, muita área degradada, raros remanescentes de florestas extremamente depauperadas em fazendas de evidente baixíssima produtividade. Vi morro com tanta erosão que mais parecia bola de sorvete derretendo no sol, e isso ainda antes das chuvas, na viagem de ida. Imagine o que é agora. Onde ainda tem um pouco de floresta, de mata, ela provavelmente vai dar lugar ao gado, como é possível ver em algumas regiões da Bahia. A degradação é generalizada, e tudo resultado do uso errado, além de excessivo, ao longo do tempo. Aquilo tudo é um contrato com a desgraça, senão hoje, amanhã.
Nos municípios da região serrana do Rio onde centenas de pessoas morreram e a produção agrícola foi prejudicada, cerca de 80% da mata nativa já não existe. O que isso tem a ver com os deslizamentos e enchentes?
Tem tudo a ver. Quando chove demais, a falta de vegetação natural, ainda mais em regiões naturalmente instáveis como as encostas de serra, piora tudo e as conseqüências são mais graves. A cobertura florestal dá uma enorme proteção ao solo. Primeiramente interceptando a chuva e reduzindo seu impacto sobre o solo. Depois, reduzindo a velocidade tanto de escoamento superficial quanto de infiltração no solo, isto devido aos diferentes estratos de vegetação viva e também à camadas de folhas e galhos mortos. E por fim, tem as raízes que ajudam a estruturar e segurar o solo e também blocos de rochas em áreas de declives acentuados. A vegetação traz um equilíbrio fantástico.
Nas áreas desmatadas, há muito mais escorrimento superficial, que provoca erosão, assim como um mais rápido encharcamento do solo, que quando saturado tende a deslizar na forma de quedas de barreiras. Isso tudo leva ao assoreamento dos rios, que favorece a ocorrência das enchentes e as perdas que já conhecemos: humanas e materiais. Não tenho dúvidas de que uma avaliação criteriosa na região afetada certamente indicará que as áreas mais atingidas, mesmo que eventualmente com florestas, têm desmatamentos acima, dos lados ou danos severos na base da encosta. Isto sem mencionar que, potencialmente, parte importante do desastre está associado a áreas de preservação permanente de rios não respeitadas. É muito mais difícil esses “acidentes” acontecerem em locais com cobertura vegetal nativa, pelo menos nestas proporções.
(...)
É necessário mudar o Código Florestal?
Muito antes de pensar em mudar o Código Florestal, penso que a sociedade tem de exigir o seu cumprimento. Não é possível perdoar o passivo ambiental criado por quem não a cumpriu e ainda flexibilizar uma lei que é fundamental para a segurança de todos. Isso não faz sentido no tempo em que estamos vivendo. Além disso, há uma outra questão: a de se apresentar e discutir a proposta de revisão do código florestal como uma questão rural, que não tem nada a ver como o meio urbano. Isso é uma falácia, que só interessa quem quer rasgar a lei. O código florestal, tal como existe hoje, respeitado no meio rural é uma segurança para o meio urbano, onde vivem mais de 80% dos brasileiros, e evitaria muita da tragédia que estamos vivenciando. Dizer o contrário é tentar rasgar e pisar na lei em benefícios de uns poucos, e prejuízo da absoluta maioria da nossa população.

23 janeiro 2011

22 janeiro 2011

51% dos moradores pensam em deixar cidade de SP

O ar de São Paulo.


A poluição de São Paulo exerce sobre as pessoas efeitos insondáveis. Quer irritar um paulistano? Simples. Fale mal da capital paulista. A reação será instantânea.
A despeito do “amor” pela cidade, a maioria de seus habitantes (51%) não hesitaria em mudar para localidade mais civilizada ( veja no vídeo).
Só pode ser consequência do ar. Em São Paulo, ele não é incolor nem inodoro. Contra todos os ensinamentos, o ar da Paulicéia fede e tem cor.
O morador de São Paulo vê o ar que respira. Aliás, o ar da cidade não é propriamente respirado. Pulmão nenhum o faria por gosto. Não é inalação. É invasão.
Sempre que submetido a teste, o “amor” por São Paulo claudica. A cada feriado, as saídas da cidade ficam entupidas. Há fuga em massa.
Abre parênteses: Quem fica se dá muito bem. Vazia, São Paulo é muito menos caótica, bem mais tragável. Fecha parênteses.
O “amor” do paulistano pela cidade não resiste a um feriado, eis a crua verdade. Insista-se: a explicação só pode estar no ar.
Além dos danos ao aparelho respiratório, afeta a visão. Cego de poluição, o sujeito acaba acomodando o bairrismo à frente do caos.
Até o velho bairrismo paulistano, porém, parece flertar com um limite.
Noutros tempos, o “amor” por São Paulo era maior do que os brônquios. Agora, nem tanto.

20 janeiro 2011

Todos contra Aldo

Aldo Rebelo, o deputado neo-ruralista.


Diante da tragédia instalada no Rio de Janeiro, o ministério do Meio Ambiente (MMA) finalmente decidiu agir. Reportagem do jornal Folha de S. Paulo publicada hoje mostra que a ministra Izabella Teixeira e técnicos da pasta preparam uma proposta com mudanças ao projeto que altera o Código Florestal, de autoria do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e que está em discussão no Congresso Nacional.

A proposta do MMA deve contemplar mudanças, inclusive em relação às áreas urbanas, para evitar que tragédias como as da semana passada no Rio se repitam.

Na contramão dos acontecimentos, o relatório de Aldo, aprovado no ano passado por uma comissão da Câmara dos Deputados, permite a ocupação de áreas de preservação permanente onde hoje é proibido qualquer tipo de construção.

As maiores tragédias no Rio de Janeiro foram registradas justamente em áreas de preservação permanente, ocupadas irregularmente, como topos de morro, encostas e várzeas, e que serão liberadas para moradia caso o texto de Aldo seja aprovado pelo plenário do Congresso.

Também desfavorável a Aldo, a procuradora Sandra Cureau, do Ministério Público Federal, anunciou que se o texto que altera o Código for aprovado em plenário, entrará com ação de inconstitucionalidade. Cureau disse que tentou explicar ao deputado neo-ruralista “que liberar essas áreas gera riscos enormes à segurança", mas não o convenceu.

O governo também resolveu se manifestar e planeja mudar a lei de uso do solo e apresentar ao Congresso, em fevereiro, um pacote emergencial. Segundo o vice-presidente Michel Temer, a meta é fazer um "impedimento muito radical" de ocupações em morros, decisão que conflita diretamente com o texto de Aldo, que prevê a liberação dessas áreas para construção.

Até o deputado Reinhold Stephanes (PMDB-PR), ex-ministro da Agricultura, está contra Aldo. Stephanes, que votou a favor do relatório, agora defende a mudança do texto para que fique claro que a mudança do Código, caso seja aprovado, não interfira nas ocupações urbanas.


Fonte: http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Blog/todos-contra-aldo/blog/32498