A quantidade de carbono sequestrado pelas florestas, ou seja retirado da atmosfera, em todo o mundo está superestimada, diz pesquisa publicada na revista Science, desta sexta-feira (7). A taxa de fixação seria de 75% do valor previsto inicialmente.
O estudo liderado pelo sueco David Bastviken, da Universidade de Linkoping, analisou os fluxos de aproximadamente 500 ambientes aquáticos continentais. Rios, lagos e áreas inundadas são fontes substanciais de metano (CH4), um dos principais gases de efeito estufa (GEE) e causador do aquecimento global. O poder de absorção de radiação ultravioleta desse gás é cerca de 23 vezes maior que o dióxido de carbono (CO2).
Os pesquisadores concluíram que as emissões de metano por estes ambientes aquáticos podem representar até 25% do CO2eq absorvido naturalmente pelas florestas. (CO2 equivalente ou CO2e, é uma medida que expressa a quantidade de GEE como se todas as emissões fossem apenas de CO2, levando em conta o potencial de aquecimento global dos gases envolvidos).
Isso significa que é preciso levar em conta as emissões de CO2eq destas fontes naturais, o que faria com que a absorção de CO2 pelas florestas seja 75% do que era previsto, já que estas emissões não são normalmente contabilizadas.
E o que isso importa para o futuro? “Se diminuirmos o número de florestas, reduziremos também a quantidade de carbono a ser sequestrada. O aumento da área agrícola, em detrimento de florestas nativas como a Amazônica e o Cerrado, pode ter influência sobre lagos e rios e a emissão de metano nesses ambientes pode inclusive aumentar. Precisamos de estudos que nos permitam prever se isto ocorrerá ou não”, disse Alex Enrich-Prast, professor do Departamento de Ecologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e um dos autores do estudo.
“Ao longo dos bilhões de anos de existência da Terra, sempre existiu um equilíbrio natural entre os ciclos biogeoquímicos com a produção e o consumo das várias moléculas de carbono, como CO2 e CH4. O ser humano, ao impactar e alterar nossas florestas, lagos, rios e mares entretanto, tem interferido nesse processo, alterando um equilíbrio que evolui há bilhões de anos e obviamente afeta a produção mais gases”.
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