Em ano eleitoral, é no mínimo questionável que o governo arme um circo a cada mês para dizer que os números de desmatamento na Amazônia estão caindo. Os dados que estão sendo divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente são do sistema Deter (Detecção de Desmatamento em Tempo Real), que como já sublinhamos em matéria, não foi feito para medir tamanho de desmatamento. Foi, sim, criado para avisar aos órgãos de fiscalização quando algum processo de devastação fosse identificado.
Usando o sensor MODIS, o sistema não consegue enxergar desmatamentos menores que 25 hectares. O que não é pouco. Hoje, segundo o pesquisador do Inpe, Dalton Valeriano, eles representam 60% de todas as derrubadas. O caminho é justamente esse: para fugir das lentes dos satélites, os desmatadores deixaram de abrir grandes extensões para picotar um grande número de pequenas áreas.
Os números do Deter, portanto, indicam apenas tendências, pois qualquer número cravado pode gerar controvérsias: enquanto o sistema do Inpe diz que houve redução de 49% no desmatamento entre agosto de 2009 e junho de 2010, por exemplo, o do Imazon (SAD), de características similares, diz o oposto: subiu 8%.
O governo, porém, não quer esperar, e parece ter pressa para divulgar bons números, ainda que eles sejam falhos. Montados em dados que sugerem uma redução da devastação, os políticos também esquecem de mostrar outros números. Nos últimos anos, enquanto a curva de desmatamento caía, a de degradação florestal, por extração de madeira, só fez subir. Se em 2007, quase 16 mil km2 de floresta estavam em estágio de degradação, no ano seguinte foram 27 mil km2. Sobre os números de 2009, que já deveriam ter saído, o governo não dá um pio.
Leia mais! http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Blog/festa-marcada/blog/26154
Nenhum comentário:
Postar um comentário