07 agosto 2010

Depois da expulsão, a denúncia

 Hilton Campos

 “Não vamos deixar vocês entrarem na área, pode vir a polícia. Nós vamos fazer a guerrilha”. Foi em agosto de 2007 que o então prefeito de Juína, no Mato Grosso, disse as palavras acima. Reunido com outros políticos, empresários e fazendeiros do município, Hilton Campos intimidou ativistas do Greenpeace, dois jornalistas franceses e membros da organização indigenista Operação Amazônia Nativa (Opan), privando-os de seu direito de ir e vir na cidade. Agora, três anos depois de investigar o caso, o Ministério Público Federal entrou com denúncia contra Campos e companhia, acusando-os de seqüestro, cárcere privado e constrangimento ilegal.

Ao saber da presença das organizações, os fazendeiros reuniram cerca de 100 pessoas e abordaram integrantes do Greenpeace e da Opan no hotel onde estavam hospedados. Eles temiam que o grupo estivesse ali para ajudar no processo de demarcacão da terra. As ofensas e ameaças só terminaram no dia seguinte de manhã, e a viagem à terra indígena teve de ser cancelada. “Ao mesmo tempo em que o governo celebra e assume o mérito pela queda das taxas de desmatamento na Amazônia, o episódio em Juína mostra que sua presença ou é rala ou ainda está muito longe daqui”, disse, à época, o coordenador da campanha da Amazônia do Greenpeace, Paulo Adario.

Depois de passar horas no hotel sem poder sair nem mesmo para comer, o grupo de nove pessoas foi seguido até o aeroporto por mais de 20 caminhonetes de fazendeiros, que ameaçaram incendiar o avião caso ele não decolasse imediatamente. O episódio também foi considerado pelos procuradores do MPF um verdadeiro processo de expulsão.

O MPF pede a condenação de Aderbal Bento, Geraldo Bento, Natalino Lopes dos Santos, Hilton Campos, Paulo Perfeito e Francisco de Assis Pedroso por constrangimento ilegal, sequestro e cárcere privado. O órgão quer ainda que Paulo Perfeito e Aderbal Bento também sejam condenados por desacatarem os funcionários públicos da Funai.

Leia mais! http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/Depois-da-expulsao-a-denuncia/

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