01 novembro 2010

Sem caça, índio krahô quer ser vaqueiro

Tribo Krahô.
Quando os caciques Krahô escolheram o nordeste do estado do Tocantins para se fixarem, a abundância relativa à população de animais silvestres foi o quesito mais importante na demarcação dos 302 mil hectares que compreende a Terra Indígena Kraolândia – localizada nos municípios de Goiatins e Itacajá (TO). Naquela época, a população não chegava a mil índios e a fartura de caça garantia a segurança alimentar deste povo. 

Hoje, 70 anos depois, cerca de três mil índios vivem em 26 aldeias espalhadas na reserva. Em tempos de seca, as tradicionais caçadas só são revividas nas histórias contadas pelos anciãos.  O desmatamento ao redor da área e o choque entre as aldeias por conta das regiões delimitadas para a caça e a alta taxa de natalidade  – em 1989 eram 1.198 índios (Funasa) – resultaram no declínio de animais silvestres. Com a caça cada vez mais rara, os índios discutem a possibilidade de introduzir a criação de gado “curraleiro” e outras espécies que garantam o alimento nas comunidades. De grandes caçadores, um sonho antigo renasce entre os krahô: o de serem vaqueiros.


Nos últimos anos, o desmatamento ao redor da reserva para pastagem e plantações de soja e milho encurralou os animais silvestres, que encontraram na Kraolândia o verdadeiro “Jardim do Éden”. A fuga da fauna assegurou tempos de fartura para os krahô, mas hoje, mesmo com um local seguro para a reprodução, as espécies que ainda povoam a região não são suficientes para o consumo das famílias.

Animais na lista de extinção como o tamanduá-bandeira e a arara-azul são iguarias raras, que quando encontradas não escampam do cardápio. A paca, a anta, a capivara, o veado mateiro, o quati, o macaco guariba, a raposa e a cutia e aves como a seriema, o perdiz, o tucano, o gavião e a ema também fazem parte da dieta dos índios.

Fonte: http://www.oeco.com.br/reportagens/24502-sem-caca-silvestre-indio-kraho-quer-ser-vaqueiro

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