24 novembro 2010

Revolta da Chibata

O herói João Cândido.
Há cem anos, a gloriosa Marinha do Brasil ainda aplicava castigos corporais aos marinheiros. Chicote. Como se fossem escravos.

Faltas consideradas graves representavam "25 chibatadas, no mínimo", no lombo dos negros que serviam nos navios. É. Os marinheiros era todos negros. Os oficiais, adivinha, eram todos brancos.

O marinheiro João Cândido organizou seus companheiros durante dois anos, preparando a  revolta. A hora chegou quando um marinheiro foi condenado, não a 25, mas a 250 chibatadas, por uma falta muito gravíssima: ele tinha levado cachaça para bordo, e ainda por cima meteu uma navalhada no dedo-duro que o denunciou.

O motim estourou no encouraçado Minas Gerais em 22 de novembro de 1910. Outras embarcações rapidamente aderiram, ameaçando bombardear o Rio de Janeiro. Eles exigiam o fim da chibata e a anistia aos revoltosos.

Os almirantes não fizeram caso. Aquela negrada não ia ser capaz de comandar a pequena frota. Mandaram torpedear os amotinados. Mas os marinheiros sabiam muito mais que os comandantes. João Cândido comandou a manobra do encouraçado por entre as ilhotas da Baía de Guanabara, de um jeito que era considerado impossível pelos especialistas, escapando de seus perseguidores.

Os marinheiros foram anistiados. A revolta acabou. Logo depois, foram todos presos e expulsos da Marinha. Os fuzileiros navais da Ilha das Cobras se rebelaram contra a traição do governo. Foram bombardeados. Eram 600. Sobreviveram pouco mais de 100.

Os castigos corporais acabaram. João Cândido nunca foi reincorporado. Morreu na miséria, em 1969. Foi anistiado, post mortem, em 24 de julho de 2008.

Fonte: http://blogjoelbueno.blogspot.com/2010/11/efemeride_22.html

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