Um estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP), sob a coordenação do professor Gerd Sparovek, comprova que, ao contrário do que argumentam deputados ruralistas, o Código Florestal Brasileiro não representa um obstáculo para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro. De acordo com o estudo, realizado com o apoio do WWF-Brasil, seria necessário apenas melhorar a produtividade do setor em algumas regiões para que a atividade seguisse crescendo no país.
O estudo da USP aponta que, atualmente, cerca de 211 milhões de hectares são utilizados pela pecuária, principalmente de corte. Porém, na maior parte das áreas é praticada a atividade de maneira extensiva, com o baixíssimo índice de 1,1 cabeça de gado por hectare. Os autores do trabalho defendem, para intensificar a atividade, a integração de agricultura e pecuária em um mesmo terreno, praticando o manejo dos pastos por meio de correção do solo, fertilização e outras técnicas já aplicadas com sucesso em várias regiões do Brasil.
O deputado federal Ricardo Tripoli (PSDB-SP), além de ressaltar o caráter pouco participativo do parecer do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), considera “absurda” a proposta de se autorizar a recomposição de mata nativa ilegalmente desmatada com espécies exóticas (provenientes de outras áreas). “Para que uma floresta seja de fato recuperada, seriam necessárias pelo menos 80 espécies diferentes”, argumenta Tripoli.
O deputado paulista também critica a ideia de se dar aos estados mais autonomia para definir a legislação ambiental em caráter local. Ele ressaltou que a Amazônia ocupa nove estados e que, portanto, não poderia ter leis estaduais diferentes umas das outras para conservar o bioma. “Trata-se de um relatório péssimo. É superficial, incoerente e só atende a parte do segmento rural”, avalia.
Está prevista para o dia 28 de junho, mais uma sessão da Comissão Especial sobre Alterações no Código Florestal, na Câmara dos Deputados, para discutir as mudanças propostas à legislação ambiental brasileira. Os ruralistas, favoráveis ao abrandamento do Código, pretendem aprovar o relatório apresentado pelo deputado Aldo Rebelo, fortemente contestado por organizações não governamentais, pesquisadores, técnicos e movimento social, entre outros setores da sociedade.
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