A eleição do advogado Rogério Rosso (PMDB) como governador tampão de Brasília neste sábado (17.abr.2010) é mais um capítulo do fracasso político e administrativo da capital federal, que completa 50 anos na próxima quarta-feira, dia 21.
Rosso foi administrador de Celiândia, a maior cidade satélite do Distrito Federal, durante o governo de Joaquim Roriz. Depois, foi presidente da Codeplan (Companhia de Planejamento do DF) no governo de José Roberto Arruda, cassado e preso até alguns dias atrás.
A Codeplan, só para lembrar, é o mesmo órgão hoje investigado por uma CPI na Câmara Legislativa de Brasília. O grande delator do chamado mensalão do DEM, Durval Barbosa, foi presidente da Codeplan durante a campanha eleitoral de 2006, da qual Arruda saiu vitorioso.
Brasília tem perto de 2,7 milhões de habitantes e um modelo curioso de administração. Não é um Estado nem um município. Tem apenas um governador, mas não tem prefeitos. Cidades satélites como Ceilândia (600 mil habitantes) são governadas por gente nomeada de maneira nebulosa.
Pode-se argumentar que vários países têm distritos federais. É verdade. Mas comparem-se as áreas dessas localidades. Brasília tem 5.783 km², o que equivale a 26% da área do Estado de Sergipe. Já Washington, D.C, capital dos Estados Unidos, tem 177 km² – é apenas uma cidade e tem um prefeito eleito.
Depois da Constituição de 1988, o democratismo em vigor no país deu a Brasília 3 senadores e 8 deputados federais. É claro que os habitantes de Brasília têm o direito de eleger representantes para o Congresso. Mas bastaria que votassem escolhendo entre os candidatos de Goiás, Estado no qual está inserido o “quadradinho”, como é chamado o Distrito Federal pelos locais. Só que aí os brasilienses não poderiam ter se esmerado para eleger senadores como Luiz Estevão, Joaquim Roriz, José Roberto Arruda, os três “saídos” do Congresso.
Brasília é a unidade da Federação que mais elegeu senadores encrencados até hoje na história do país –e essa história eleitoral só começou pós-1988.
Agora, ao eleger um governador biônico cria de Roriz e de Arruda, a Câmara Distrital da capital federal manda mais um recado. Os políticos de Brasília não estão nem aí para o que pensam o Brasil e os brasileiros a respeito do “quadradinho”.
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