Rio Tapajós. |
O governo vai reduzir sete unidades de conservação na Amazônia para permitir a construção de seis hidrelétricas --uma delas seria a quarta maior do país.
O palco da nova investida energética do Planalto é o vale dos rios Tapajós e Jamanxim, no Pará, uma das áreas mais preservadas e mais biodiversas da floresta.
O movimento acontece num momento em que o Brasil sofre pressão internacional por causa do aumento no desmatamento, relacionado ao Código Florestal, e do licenciamento da hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu.
Segundo o ICMBio (Instituto Chico Mendes para a Conservação da Biodiversidade), a ideia é ter um projeto de lei ou Medida Provisória determinando a redução das áreas protegidas até agosto.
Documentos internos do instituto, obtidos pela Folha, mostram que a proposta foi feita sem estudos técnicos e tem oposição unânime dos chefes das unidades.
Segundo eles, as usinas alagariam 3.200 km² (duas vezes a área da cidade de São Paulo). Sua instalação subverteria a razão de ser das unidades de conservação.
Os parques integram o mosaico de unidades de conservação da BR-163, criado pela então ministra de Meio Ambiente, Marina Silva, em 2005 para conter o desmatamento e a grilagem de terras na região. É o maior conjunto de áreas protegidas do país. A maioria não possui estudos detalhados de biodiversidade.
Os chefes das áreas protegidas afirmam que a proposta de redução da Eletronorte foi feita "na caneta", sem estudo técnico nem ambiental.
O mapa elaborado pela estatal da área a ser alagada no parque nacional da Amazônia, por exemplo, inclui um trecho da Transamazônica, que teria de ter seu traçado refeito --passando por dentro do parque.
Procurado pela Folha, o presidente do ICMBio, Rômulo Mello, disse que as reduções estão sendo discutidas e ainda não têm aval do instituto. Ele afirmou, porém, que a redução dos parques não é nenhuma surpresa.
"Quando as UCs[unidades de conservação] foram criadas, já havia acordo entre os ministérios" sobre os estudos para a construção das usinas. A Eletronorte afirmou, por meio da assessoria, que não pode se manifestar sobre o tema, pois o assunto está em discussão na Presidência. O Ministério de Minas e Energia não havia se pronunciado até o fechamento desta edição.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/926381-por-usinas-governo-vai-reduzir-areas-de-protecao-na-amazonia.shtml
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