Rumo à satisfação. |
As necessidades humanas estão organizadas em vários níveis.
I. Necessidades fisiológicas. Estão no nível mais baixo, mas não por sem importância. Perguntava um professor aos alunos:
- Qual a primeira condição para ser um herói, um santo, um grande pioneiro?
- Comer pão - responderam - porque sem isso, em breve estaríamos diante do cadáver de um ex-grande herói ou pioneiro.
As necessidades fisiológicas, além da fome, sede, respiração, incluem descanso, exercícios físicos, abrigo, proteção dos elementos e também necessidade sexual. Uma necessidade satisfeita não é elemento de motivação. Esse é um fato que se deve levar em conta nas relações humanas.
Quando as necessidades fisiológicas estão razoavelmente satisfeitas, surgem as necessidades de nível imediatamente superior que passam a motivar. São as necessidades de segurança, de proteção contra o perigo, de segurança futura, de preparar-se para a vida etc.
II. Necessidades sociais. Quando as necessidades fisiológicas e de segurança estão satisfeitas, aparecem as necessidades sociais que se tornam importantes no comportamento. São as necessidades de participação, de associação, de aceitação pelas pessoas, de dar e receber amizade e amor.
Quando estas são frustradas, as pessoas se mostram resistentes, antagonistas e não-cooperativas. Este comportamento é uma consequência, não uma causa.
Quando um indivíduo de classe média compra um carro de luxo, na realidade não é impelido, apenas, pelas necessidades de um meio de transporte próprio. Se fora apenas isso, compraria um carro médio, mais barato e mais econômico. É a necessidade de prestígio, de auto-afirmação social, que o leva a investir mais alguns milhares de reais numa marca de luxo.
Há bastante diferença entre um motivo de ordem orgânica e outro de origem social mas, na realidade, quase todo comportamento é influenciado por aspectos motivacionais de um e de outro tipo. O comportamento de se alimentar não é só fisiológico. A maneira de o fazer, aquilo com que cada grupo humano se alimenta, a oração antes das refeições etc. atendem a necessidades orgânicas e sociais. Algumas tribos consideravam um dever penoso, mas sagrado, comer o coração, ainda palpitante, de seus contentores mortos em batalha. Eles o faziam por necessidade "social" ou cultural.
III. Necessidades do ego. Depois ou concomitante com as necessidades sociais, surgem as necessidades do ego.
São de dois tipos:
1. Necessidades que se relacionam com a auto-estima: necessidade de auto-respeito e autoconfiança, de autonomia, de competência, de conhecimento.
2. Necessidades que se relacionam com a reputação; necessidades de status, de reconhecimento, de apreciação.
Ao contrário das anteriores, estas necessidades são raramente satisfeitas. O homem procura indefinidamente mais satisfação de tais necessidades, uma vez que elas lhe são excessivamente importantes. Entretanto, não aparecem de maneira significante até que as necessidades fisiológicas, de segurança e sociais estejam razoavelmente satisfeitas.
IV. Necessidades de auto-realização. Finalmente, no topo da hierarquia, existem as necessidades de auto-realização. Estas são as necessidades de compreender as próprias potencialidades, de um contínuo autodesenvolvimento, de ser criativo no mais amplo sentido. Como é bem difícil a satisfação plena das necessidades anteriores, e como não se empreende a realização de uma categoria superior sem que as inferiores estejam satisfeitas, conclui-se que são poucas as pessoas que se dedicam à auto-realização.
Trecho do livro Psicologia Moderna, de Antônio Xavier Teles.
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