Acordo nem no papel. |
Um acordo climático global para substituir o Protocolo de Kyoto ainda é possível, mas não será alcançado neste ano, disse nesta quarta-feira (27) o principal negociador neozelandês para essa questão, o ministro Tim Groser.
Segundo ele, inevitavelmente haverá uma lacuna depois que expirar a primeira etapa de Kyoto, em 2012. Divergências entre países ricos e pobres sobre como controlar as emissões de gases do efeito estufa geram um impasse na substituição do Protocolo de Kyoto, o atual tratado climático da ONU, que obriga cerca de 40 países industrializados a reduzirem suas emissões até 2012.
Há vários anos a ONU promove discussões para tentar prorrogar Kyoto a partir de 2013 ou definir um novo acordo que estipule metas de redução das emissões para grandes nações poluidoras hoje isentas de obrigações, especialmente China, Índia e EUA.
"É como a água gotejando em uma pedra", disse Groser sobre o ritmo lento das negociações. "Raramente há uma reunião crucial. Trata-se de uma lenta construção sobre uma base internacional", afirmou.
Debate
Todos os principais países desenvolvidos e emergentes participaram de uma reunião sobre o tema em Auckland, com exceção da China. Groser disse não saber a razão dessa ausência.
Todos os principais países desenvolvidos e emergentes participaram de uma reunião sobre o tema em Auckland, com exceção da China. Groser disse não saber a razão dessa ausência.
As discussões se voltaram para questões técnicas como a medição, notificação e verificação das emissões em cada país. Diversos países, particularmente os Estados Unidos, exigem um sistema transparente que demonstre se as nações estão ou não cumprindo suas metas.
No mês passado, houve avanços ao longo de duas semanas de negociações na Alemanha, mas ainda há uma lacuna entre países desenvolvidos e não-desenvolvidos a respeito de quem deve arcar com o maior ônus na redução das emissões.
Os países pobres alegam que a responsabilidade deve ser dos ricos, que causaram a maior parte do aquecimento global por virem queimando combustíveis fósseis desde a Revolução Industrial, no século 18. Por outro lado, o rápido crescimento econômico dos emergentes também se reflete em grandes emissões de carbono, a ponto de a China já ter se tornado o maior poluidor mundial.
"Posso ver todo tipo de razão para (o acordo) não acontecer, mas posso ver um cenário em que aconteceria", disse Groser.
Ele opinou que seria um equívoco depositar expectativas de definição de um acordo nas grandes reuniões internacionais, como já aconteceu na reunião de Copenhague em 2009. O próximo grande evento desse tipo será no final deste ano em Durban, na África do Sul.
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