05 julho 2011

Cachorros de Palha



Humanismo Verde
Como escreveram Margulis e Sagan, nós próprios somos artifícios tecnológicos inventados por antigas comunidades de bactérias como forma de sobrevivência genética: "Somos uma parte numa intrincada rede que vem desde a tomada original de Terra pelas bactérias. Nossos poderes e inteligência não pertencem especificamente a nós, mas a toda a vida." Pensar nossos corpos como naturais e nossas tecnologias como artificiais confere importância excessiva ao acidente de nossas origens. Se formos substituídos por máquinas, isso constituirá uma mudança evolutiva em nada diferente daquela em que bactérias se combinaram para criar nossos primeiros ancestrais.
O humanismo é uma doutrina de salvação - a crença de que a humanidade pode assumir a responsabilidade por seu destino. Entre os  verdes, isso se tornou o ideal de a humanidade transformar-se no sábio curador encarregado de cuidar dos recursos do planeta. Mas, para qualquer um cujas esperanças não estejam centradas em sua própria espécie, a noção de que a ação humana pode salvar os humanos ou o planeta tem que parecer absurda. Eles sabem que o resultado final não está em mãos humanas. Eles agem assim não pela crença em que podem ser bem-sucedidos, mas por um instinto antigo.


Trecho do livro Cachorros de palha, de John Gray.

Um comentário:

  1. Já cheguei a recomendar esse livro. Mas esse trecho deixa claro que John Gray fez apenas a transição do humanismo para o transhumanismo.

    ResponderExcluir