Humanismo versus Naturalismo
Para Jacques Monod, um dos fundadores da biologia molecular, a vida é uma casualidade que não pode ser deduzida da natureza das coisas, mas que, uma vez surgida, evolui pela seleção natural de mutações randômicas. A espécie humana não é diferente de nenhuma outra quanto a ser uma jogada de sorte na loteria cósmica.
Para nós, essa é uma verdade difícil de aceitar. Como escreve Monod, "as sociedades liberais do Ocidente ainda demonstram uma concordância hipócrita a uma desagradável miscelânia de religiosidade judaico-cristã, progressismo cientificista, crença nos direitos "naturais" do homem e pragmatismo utilitarista, apresentando-os como uma base para a moralidade". O ser humano precisa deixar de lado esses erros e aceitar que sua existência é inteiramente acidental. Ele "tem de finalmente acordar de seu sonho milenar e descobrir sua total solidão, seu isolamento fundamental. Tem de compreender que, como um cigano, vive nas fronteiras de um mundo estranho; um mundo que é surdo à sua música e tão indiferente às suas esperanças quanto a seu sofrimento e a seus crimes".
Trecho de Cachorros de Palha, de John Gray.
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