02 março 2011

Isto é que é energia limpa...

Hidrelétricas Amazônia adentro.


Quando qualquer coisa aumenta em 1000%, há de se desconfiar: algo está fora dos eixos. Em livre queda nos últimos anos, o desmatamento na Amazônia teve uma reviravolta em dezembro de 2010. Naquele mês, a devastação subiu 994% em relação a dezembro do ano anterior. E dessa vez, quem estava no topo não eram os tradicionais Mato Grosso e Pará. O grande campeão foi Rondônia, responsável por 43% dos 175 quilômetros quadrados que foram ao chão naquele período.

Os dados são do Sistema de Alerta do Desmatamento (SAD) do Imazon, divulgados esses dias. E para Adalberto Veríssimo, pesquisador da organização, a razão não pode ser outra: “Não tem outra explicação que não sejam Jirau e Santo Antônio”, disse ao jornal Folha de S. Paulo.

Para quem não está familiarizado, Jirau e Santo Antônio são duas grandes hidrelétricas que, após muita controvérsia por seus impactos sociais e ambientais, começou a sair do papel bem no meio da Amazônia, no rio Madeira, Rondônia. É apenas um das dezenas de projetos semelhantes para a região.

Mal aportaram as primeiras máquinas ali, o desmatamento comeu solto. O Greenpeace sobrevoou o canteiro de obras em setembro de 2010. O local lembrava um imenso dominó com as peças caídas. Eram incontáveis troncos de árvores ainda no chão, uns sobre os outros. A clássica imagem do tapete de floresta margeando o rio deu lugar a uma tonalidade meio cinza, meio marrom. Era o que parecia: uma paisagem morta.

Não foi por falta de aviso. Historicamente, as grandes hidrelétricas têm deixado um rastro de desmatamento por onde passam. Por motivos indiretos – pela construção de estradas, instalação de linhas de transmissão – e indiretos – migração de pessoas, pressões urbanas.

Quem sobrevoa aquela região do rio Madeira entende na hora porque grandes hidrelétricas não são, como as autoridades brasileiras gostam de dizer, uma fonte de energia limpa. Ali, só se vê sujeira. E se depender dos planos do governo, essa mesma sujeira ainda vai se espalhar por muitos cantos da Amazônia. A próxima parada é no rio Xingu, onde veremos, em breve, mais um Belo Monte de árvores mortas.

Fonte: http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Blog/isto-que-energia-limpa/blog/33476

Nenhum comentário:

Postar um comentário