Deus das lacunas é uma falácia lógica e uma versão teológica do argumento da ignorância. Caracteriza-se por responder questões ainda sem solução com explicações, muitas vezes, sobrenaturais, que não podem ser averiguadas. Sendo sobrenaturais as respostas para as questões em aberto, provar-se-ia a existência de fatos que não podem ser entendidos pelo homem. Nessa falácia, ignora-se a realidade e apela-se para uma explicação irracional.
Origem do termo
O termo deus das lacunas remonta a Henry Drummond, evangelista escocês do século XIX. Ele dizia que os cristãos não podiam apontar à ciência fatos de cujas explicações ainda eram desconhecidas para tentar provar a existência de Deus. Afirmava que as explicações que estavam faltando, as lacunas, preencher-se-iam com Deus. Dizia que Deus era muito mais do que o "ocasional operador de milagres". conhecemos, não no que desconhecemos"
No século 20, Dietrich Bonhoeffer expressa um conceito similar por meio de cartas que escreveu durante a sua prisão por nazistas na Segunda Guerra Mundial, cartas cuja revelação deu-se mais tarde. Bonhoeffer dizia que usar Deus para tapar a nossa incompletude de conhecimento é algo muito errado. Ele resumiu seu pensamento na frase: "vamos encontrar Deus no que nós conhecemos, não no que nós desconhecemos"
O termo ganhou amplitude quando foi usado no livro Ciência e Fé Cristã de 1955 por Charles Coulson, em que dizia que "não há "Deus das lacunas" para assumir esses espaços em que a ciência falha e a razão é que essas lacunas diminuem de tamanho".
O termo foi usado novamente em um livro de 1971 e em um artigo de 1978 por Richard Bube. Ele elaborou o conceito de deus das lacunas de forma mais detalhada. Bube atribuiu as crises modernas da fé religiosa à diminuição do deus das lacunas com o progresso do conhecimento científico. Bube afirmou que A Origem das Espécies de Charles Darwin foi a sentença de morte ao deus das lacunas, eliminando-as quase que por completo.
Uso do deus das lacunas
O termo deus das lacunas é, por vezes, utilizado para descrever a tentativa de fazer explicações religiosas com argumentos que ainda não podem ser testados pela ciência.
[editar]Estrutura lógica
Pode ser explicado pela tentativa de explicar deus com argumentos não-válidos para a ciência.
- Algo ainda não pode ser explicado.
- Existe uma lacuna no conhecimento da ciência
- Logo, a explicação deste algo deve ser: uma ação de Deus, ou de um designer inteligente.
- Infere-se que a falta de explicação, ou existência de uma lacuna no conhecimento, provaria existência de Deus, ou de um designer inteligente.
[editar]Exemplos
- Um homem curou-se dum câncer e nenhum exame médico conseguiu explicar como isto aconteceu. Isso deve ter sido um milagre de deus. Sendo assim, deus existe.
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- Não foi levado em consideração que existem muitas características ainda não descobertas sobre o câncer e tambem sobre o homem que foi curado. O câncer poderia ter sido de uma forma fraca, que foi combatida pelo sistema imunológico, ou o homem pode ter alguma informação genética desconhecida que o torna seu corpo melhor em combater câncer.
- Aquelas pessoas foram vítimas de um acidente aéreo, dentre tantas outras pessoas, foram as únicas que sobreviveram. Elas rezaram, por isso deus as salvou.
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- Pode também ser entendido como apelo à ignorância, porque não se pode saber se as pessoas que morreram, rezaram. Nesse caso, admite-se um milagre que fez com que as pessoas que rezaram sobreviveram. Ora, necessita-se de mais informações sobre esse acidente, como se as pessoas que sobreviveram estavam sentadas próximas à saída de emergência ou se elas conseguiram seguir os procedimentos de segurança de um avião. Mesmo que, ainda assim, a sobrevivência dessas pessoas não fosse explicada, isso não quer dizer que o que tenha acontecido com elas foi um milagre.
- Fonte: Wikipedia
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