16 fevereiro 2011

Sujeira pra baixo do tapete

Tudo isso poderia ser gerado sem sujeira.


Esta semana, duas notícias saltaram aos meus olhos. Elas evidenciam a relação custo x benefício da exploração de combustíveis fósseis - altamente poluentes e com um grande risco ambiental.
O governo da Holanda proibiu hoje experimentos em uma tecnologia duvidosa, cara e perigosa, o CCS, nome dado ao processo de capturar o CO2 emitido, por exemplo, pela extração de petróleo ou por outros combustíveis fósseis e armazená-lo, evitando que vá parar na atmosfera. Não é magia, sim desculpa para viabilizar mais usinas poluentes.
O governo brasileiro vem investindo em tecnologia CCS – esta mesma que acaba de ser proibida na Holanda, para capturar o carbono que será emitido pelo pré-sal.
Acontece que a segurança e permanência do CO2 embaixo da terra não são garantidos. Um pequeno vazamento e lá se vai o esforço de mitigação climática. Além do mais, CCS consome energia, o que compromete os planos de eficiência energética e recursos naturais, além de já ser notado potencial impacto para áreas de agricultura.
A tecnologia do CCS não estará avançada a tempo de evitar os perigos das mudanças climáticas, uma vez que as emissões de gases do efeito estufa devem começar a cair em 2015 para evitar consequências mais graves. Seu uso em grande escala não deve ser esperado para antes de 2030, vide o relatório “Uma Falsa Esperança: Por que a captura e armazenamento de carbono não pode salvar o clima” produzido pelo Greenpeace.
Ao invés de discutirmos uma maneira de minimizar o impacto da exploração do petróleo, deveríamos estar preocupados em migrar para uma matriz energética limpa, não?
O que me remete à segunda notícia: a exemplo do que presenciamos recentemente no acidente com uma plataforma de petróleo no Golfo do México, em que a empresa petroleira BP criou um fundo de 20 bilhões de dólares para apoio às vitimas e ações de limpeza de praia, ontem, a justiça equatoriana determinou que a empresa Chevron deveria pagar 8,6 bilhões de dólares pelos danos ambientais causados na floresta na década de 70 e 80.  Uma grande vitória da justiça que tarda, mas não falha e a maior prova de que explorar petróleo é mais caro do que investir em fontes limpas de energia.
Governos de todo mundo deveriam parar de empurrar suas sujeiras para debaixo do tapete, e agir em prol de um mundo verdadeiramente mais limpo e renovável.
Não é de hoje que o Greenpeace expõe o problema de investimentos em fontes de energia não-renováveis e que poluem o planeta. Mas, em terras tupiniquins, muita gente se ilude com a promessa de geração de emprego e renda, se esquecendo de olhar com mais atenção para as novas renováveis, que podem também gerar muitos empregos.

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