O estudo é o primeiro a analisar com precisão o volume global de derretimento de todas as massas geladas do planeta com área coberta por gelo superior a 100 km², incluindo regiões fora da Antártida e da Groenlândia que, por conterem mais de 90% do gelo do mundo, sempre foram privilegiadas.
O novo levantamento inclui locais como topos de cordilheiras, onde constatou-se que o derretimento segue um ritmo menor que o esperado.
O estudo foi feito a partir da análise de dados das sondas gêmeas Grace, da Nasa, que desde 2002 fazem o mapeamento da massa e da gravidade terrestre.
"Esses novos resultados vão nos ajudar a responder questões importantes sobre a elevação do mar e como as regiões geladas estão respondendo ao aquecimento", disse o físico John Wahr, um dos líderes do estudo.
Para Paolo Alfredini, professor do departamento de engenharia hidráulica e ambiental da USP, a pesquisa traz dados concretos que são coerentes com o monitoramento do nível do mar feito em diversos pontos do Brasil.
Ele chama a atenção, no entanto, para o fato de que o estudo traz valores médios para todo o mundo, enquanto que algumas áreas são mais afetadas que outras pela elevação do mar. É o caso das áreas tropicais, como a costa brasileira.
"Nessas regiões, o aquecimento da água provoca sua dilatação, o que a faz ocupar um volume maior."
Segundo Alfredini, a extrapolação do resultado para um prazo de cem anos, considerando esses fatores, permite estimar que algumas áreas do país vão ter elevação de até um metro do nível do mar.
Isso significaria, numa praia com declive suave como a da cidade de Santos, um avanço do mar de até cem metros sobre a costa.
"As informações da pesquisa são preocupantes. O aquecimento não é uma questão folclórica e o Brasil está atrasado no despertar para as consequências desse processo, que pode afetar grandes áreas do país e do mundo."
Fonte: Folha.com
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