02 abril 2011

Lição de Dignidade e de Vida

José Alencar.


Alencar é, como sabemos, exemplar de muitos pontos de vista. Como indivíduo, como cidadão, como empresário. A chave do seu êxito nestes papéis está, a meu ver, no amor pela vida, encarada como oportunidade única e intransferível de agir com honra e competência, com responsabilidade e respeito pelo semelhante. Com a fé dos justos em relação a si próprio e ao País, único por todas as dádivas recebidas da natureza, a obrigar suas lideranças a realizar-lhe as potencialidades.


Várias vezes estive com José Alencar, em mais de uma o entrevistei, certa vez em companhia de Bob Fernandes para uma edição dos começos de abril de 2004. Ele declinava a sua definitiva lealdade em relação ao presidente Lula, mas não deixava de manifestar sua discordância a respeito de determinadas vertentes da política econômica do governo. Na época, criticava a alta dos juros, alinhado com os interesses da produção industrial. Leal, sim, independente, porém, na hora de expor suas opiniões com uma franqueza considerada insólita, se não impossível, nos nascidos em Minas, conforme o anedotário nacional.



Na visão de CartaCapital, Alencar é exemplar na sua própria categoria, modelo para os pares, com viés bastante específico. Ele figura entre aqueles, incomuns por ora, que aderiram confiantes à mudança dos tempos e não viram em Lula o operário que leva à Presidência ignorância e grosseria, muito menos o líder subversivo a pregar a revolução, como pretendiam os senhores da Fiesp de 20 anos atrás, e os da mídia, prontos a apoiar Fernando Collor no papel impossível de salvador da pátria ameaçada.
O grupo inclui alguns pesos pesados, como Jorge Gerdau, Emilio Odebrecht, Abilio Diniz, Roberto Setubal, estes dois últimos autores de discursos de apoio à candidatura de Dilma Rousseff na festa de CartaCapital de 18 de outubro do ano passado. José Alencar o encabeça, mesmo em função do cargo oferecido por Lula e por ele aceito, e ocupa­do com extrema dignidade oito anos a fio em meio à doença, que só o vitimou após o cumprimento da tarefa.
Este não é o costumeiro epitáfio pronunciado à beira de um túmulo. É o depoimento comovido de todos nós de CartaCapital.

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