15 dezembro 2011

O Facebook está contra a alegria

Ele está de olho em tudo o que você faz.
 
Uma das ideias mais influentes e perigosas, e menos consideradas, a surgir neste final de ano no Vale do Silício é a de "compartilhamento sem fricção". Articulada por Mark Zuckerberg, o fundador do Facebook, em setembro, a ideia pode reformular a cultura da internet tal como a conhecemos -e não para melhor. 

O princípio que embasa o "compartilhamento sem fricção" é enganosamente simples e atraente: em lugar de perguntar aos usuários se eles desejam compartilhar com os amigos seus produtos favoritos -os filmes a que assistem online, a música que ouvem, os livros e artigos que leem-, por que não registrar automaticamente todas as suas escolhas, livrá-los da tarefa de compartilhar essas informações e permitir que seus amigos descubram mais conteúdo interessante de forma automática? Se Zuckerberg conseguir o que quer, cada artigo que leiamos e cada canção que viermos a escutar seria automaticamente compartilhada com os outros -sem que tivéssemos nem de apertar aqueles irritantes botões de "curtir". 

É precisamente isso que o Facebook deseja fazer com sua ideia de aplicativos sociais, que rastreiam tudo que uma pessoa consuma no site (e, nem seria preciso dizer, consumimos mais e mais informações sem sair do Facebook). Não é impensável que o Facebook em breve venha a desenvolver aplicativos capazes de rastrear também o que fazemos fora de seu site. E a essa altura, não estamos mais falando de uma questão de tecnologia, mas sim de uma questão de ideologia -fazer com que esse "compartilhamento sem fricção" pareça completamente normal, e até desejável. 

Na verdade, já existe tecnologia que permite que o Facebook consiga o que quer. Algumas semanas atrás, o gigante das redes sociais foi forçado a admitir que estava mesmo rastreando as atividades online até mesmo de usuários que não estavam logados em seu site. (Imagine se um funcionário do supermercado mais próximo de sua casa o seguisse pela cidade em um carro equipado com câmeras, depois de você fazer compras por lá: é exatamente isso que o Facebook está fazendo.) 

Mas o que significa o "compartilhamento sem fricção" para aqueles dentre nós que se preocupam com a qualidade da vida pública e o futuro da democracia? É claro que um motivo simples para resistir a um futuro no qual tudo que fazemos será registrado e compartilhado com outros é o medo de uma vigilância onipresente. O Vale do Silício conseguiu contornar com sucesso esse tipo de preocupação ao alegar que muitos usuários do Facebook não objetam ao "compartilhamento sem fricção" porque ninguém estaria interessado de verdade em que canções eles ouvem ou que livros estão lendo. 

Verdade -mas essas alegações em geral subestimam a capacidade dos anunciantes, dos partidos políticos e das polícias secretas modernas de prever muitas outras coisas com base em curtas sequências de dados que parecem completamente inocentes. Existem muitas pesquisas acadêmicas que documentam o quanto é fácil prever a reputação sexual de uma pessoa por meio de uma análise de sua lista de amigos no Facebook. 

Não seria difícil adivinhar seu nível de renda estudando os valores que gasta comprando música e vídeos online. E a raça também pode ser prevista -com base em estereótipos grotescos sobre preferências culturais das pessoas de uma dada raça com relação a música, filmes, livros e assim por diante. Estudar que artigos uma pessoa lê online pode ajudar a prever suas preferências políticas. Tudo isso somado cria um retrato singular e bastante preciso de um usuário. E, claro, ao contrário do que acontece com os bem protegidos arquivos policiais, essa informação estaria disponível para quem quer que deseje usá-la ou abusá-la. 

Mas os problemas não se limitam à monitoração em larga escala. E se empresas que fazem negócios com o Facebook desenvolverem o hábito de usar os estereótipos surgidos dos dados que revelamos a elas a fim de nos enquadrar em suas estreitas categorias -por exemplo, "hipster de nível universitário que gosta de música indie e vota na esquerda"? Isso não seria tão terrível se essas empresas não utilizassem essas categorias para formatar ofertas personalizadas de conteúdo dirigidas a nós. 

No entanto, devido ao "compartilhamento sem fricção", essas empresas terminam operando com aquilo que o jornalista tecnológico norte-americano Eli Pariser define como "má teoria de personalidade": elas partem de suposições incompletas sobre quem somos baseadas em livros, filmes e músicas que já consumimos, e tentam descobrir em que categoria pré-existente de marketing nos enquadramos, para nos fornecer conteúdo que outros usuários enquadrados na mesma categoria apreciam.
O perigo disso é bastante claro: nós, usuários de Internet, logo estaremos privados de espaço para crescimento intelectual, porque seremos bombardeados por links para material que provavelmente apreciaremos. 

O "compartilhamento sem fricção" reduz o espaço aberto à provocação, à ousadia, ao desequilíbrio estético, e a Internet se tornará a pior paródia do Vale do Silício, onde todo mundo supostamente sorri e se sente "bacana" o tempo todo. 

Mas existe algo de ainda mais repelente nessa ideia. O motivo para que compartilhemos links deliberadamente, na rede, é acreditarmos que esses links conduzam a conteúdo interessante, estimulante, divertido, perigoso ou horrivelmente ruim. Temos de fazer julgamentos sobre o que vimos, temos de avaliar -artigos, livros, canções. A maior parte dessas avaliações é rasa, claro, mas ainda assim nos forçam a exercitar nossa faculdade crítica, a operar como curadores -mesmo que para uma audiência formada por apenas 10 amigos. 

Pode haver muitas razões para não gostar desse mundo de crítica democratizada. Muitos críticos profissionais se apressam a condenar as resenhas sucintas de livros disponíveis na Amazon pela perda de prestígio da crítica literária tradicional. Mas, ao menos da perspectiva de promover a cidadania, de ter mais gente envolvida com a cultura -em lugar de apenas consumindo silenciosamente aquilo que lhe é
oferecido-, essa tendência sempre foi positiva. 

No entanto, a ideologia do "compartilhamento sem fricção" quer promover um envolvimento muito diferente com a Internet, nos termos do qual os usuários não são imaginados como críticos prontos a discriminar entre tipos diferentes de conteúdo, mas sim como robôs sem alma cuja função única é consumir conteúdo e produzir gráficos, tendências e bancos de dados para que ainda mais conteúdo lhes possa ser vendido. Já não compartilharemos aquilo que gostamos de modo consciente; em lugar disso, o Facebook compartilhará tudo -bom, ruim, interessante ou chato- em nosso nome. 

Claro, nossos amigos poderão continuar descobrindo sobre o que estamos lendo ou ouvindo -ainda que pareça pouco provável que alguém consiga acompanhar tantos fluxos de dados provenientes de tantas pessoas-, mas ninguém mais esperará que pronunciemos nossa opinião sobre as coisas. O importante não será nossa avaliação sobre um livro, canção ou filme específico, mas o fato de que tenhamos consumido esse conteúdo, que agora poderá ser usado para prever o nosso "tipo de personalidade", nos vender publicidade e, quem sabe, nos recomendar novos livros.

É hora de percebermos que o Facebook está eliminando a alegria, o caos e a natureza idiossincrática da Internet, e substituindo tudo isso por sorrisos artificiais, eficiência tediosa (e portanto "sem fricção") e uma interação abrangente mas branda e inane com a cultura. A menos que percebamos as consequências do "compartilhamento sem fricção", o futuro fácil e sem problemas que o Vale do Silício promete pode se provar desastroso para aqueles que desejam fomentar o pensamento crítico.

Fonte: Folha.com

'Privataria' chega ao Senado, e PT e PSDB se enfrentam em plenário



Depois de a Câmara reagir ao livro A Privataria Tucana com pedido de CPI e discursos em plenário, nesta quarta-feira (14) foi a vez do Senado. Da tribuna, o líder do PT, Humberto Costa (PE), provocou o Ministério Público a tomar providências e desafiou o PSDB a debater o que seria “um dos mais tristes capítulos” da história brasileira. Ao responder, os tucanos apontaram “calúnia” para desviar foco de denúncias contra o governo e expuseram diferenças entre aliados de José Serra e Aécio Neves.

Segundo Costa, o livro revelaria “entrega do patrimônio público” durante privatizações no governo Fernando Henrique, com “documentos contuntendes” que mostrariam “como alguns dos mais proeminentes líderes do PSDB e pessoas próximas do ex-governador José Serra conseguiram mandar para fora do país e trazer para o Brasil dinheiro supostamente proveniente de propinas”.

Para o petista, o livro vale a leitura e deveria será objeto de providências de procuradores da República. "Até porque muitos dos crimes descritos no livro não prescreveram”, disse Costa, que lamentou ter havido “pouca atenção da mídia” até agora.

No comando da sessão, a primeira-vice-presidente do Senado, Marta Suplicy (SP), que também é do PT, disse: “Tive acesso a esse livro e realmente é um espanto."

O desafio petista foi respondido pelo senador tucano Aloysio Nunes Ferreira (SP), um dos mais próximos da principal vítima do livro, o ex-governador paulista José Serra, de quem foi chefe da Casa Civil. 

A exemplo de outro serrista ilustre, o presidente do PPS, deputado Roberto Freire, Nunes Ferreira afirmou que o livro, que teria “calúnias”, serve apenas para proteger a gestão Dilma. “Temos uma denúncia de malfeitos no governo, e imediatamente já vem uma denúncia contra a oposição.”

Atrito no ninho

Enquanto Nunes Ferreira discursava, o também senador tucano Aécio Neves (MG) pediu um aparte, que na linguagem parlamentar quer dizer algo como “licença para um comentário no meio de pronunciamento alheio”. O pedido foi negado, algo inusual. “Lamento profundamente; eu teria prazer enorme em corroborar com o discurso de Vossa Excelência”, resignou-se.

Na véspera, o ex-governador de Minas Gerais tinha sido questionado pela Agência Estado sobre o livro, e dera uma resposta que não é das melhores para defender Serra: “Não é uma literatura que me interesse. Os que se interessarem devem lê-lo." 

Um discurso sobre Privataria feito na tribuna da Câmara dos Deputados nesta quarta (14) ajuda a entender o estranhamento entre Nunes Ferreira e Aécio e a declaração do mineiro. 

“A idéia de mostrar como funcionava a 'arapongagem' de Serra dentro do partido [PSDB] para atacar o adversário Aécio Neves – questão que motivou o início da investigação de Amaury Ribeiro Jr. – fica quase irrelevante diante de tudo o que o jornalista descobriu, em 12 anos de trabalho, sobre como a turma de Serra se deu bem ao dilapidar o patrimônio público brasileiro nos anos 90”, disse o deputado Ivan Valente (SP), presidente nacional do PSOL.

Nos bastidores de Brasília, fala-se que parte das investigações do autor dePrivataria, o jornalista Amaury Ribeiro Jr., começou por interesse de Aécio de se proteger contra Serra na disputa que os dois travavam no PSDB como postulantes a candidato a presidente da República. Amaury foi repórter do jornal O Estado de Minas durante parte da gestão de Aécio como governador do estado.

Quando voltou à tribuna para uma tréplica contra Aloysio Nunes Ferreira, Humberto Costa foi irônico. “É interessante como a oposição se posiciona nesta Casa. São os grandes arautos da moralidade, as vestais da honestidade, que tudo querem investigar. Sai uma nota num jornal, querem convocar o ministro para vir ao Congresso Nacional, pedem a abertura de uma CPI, vão para o Ministério Público. Agora, diante de um livro de 300 páginas, que tem 141 documentos sobre as coisas que estão aqui denunciadas, uma única palavra para se pedir apuração eu não ouço por parte da oposição.” 

CPI na Câmara

Autor de um pedido de abertura de uma CPI da Privataria Tucana, o deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) continuou a coletar assinaturas nesta quarta-feira (14). Ele está atuando em dobradinha com o deputado Brizola Neto (PDT-RJ), mas os dois ainda não conseguiram atingir o número mínimo de 171 assinaturas necessário.

Em tese interessado no assunto, o PT ainda não decidiu, como partido, como irá se comportar neste caso, embora os líderes no Senado e na Câmara, Paulo Teixeira (SP), estejam dispostos a bancar algum tipo de confronto mais duro com os tucanos. O pedido de CPI tem alguns signatários do PT, mas a reportagem testemunhou quando um petista abordado por Protógenes reagiu dizendo que precisava esperar por um posicionamento do partido.

Sempre um dos fiéis da balança no Congresso, com o peso de uma das duas maiores bancadas da Casa, o PMDB avisa que não quer se meter. “Não vamos embarcar em CPI. Essa é uma briga de PT e PSDB, vamos manter distância”, disse o líder do PMDB na Câmara, Henrique Alves (RN).

Ao conversar com a reportagem, Alves mostrou os efeitos da pouca divulgação do livro pelos veículos de comunicação.

“Não vi o livro ainda, ele tem documentos mesmo?”

“Tem umas 300 páginas, e um terço é de documentos.”



Fonte: Carta Maior

14 dezembro 2011

Em 30 anos, Brasil teve mais de um milhão de vítimas de homicídio



Nos últimos 30 anos, a violência no país praticamente dizimou uma cidade inteira de grande porte. Cerca de 1,1 milhão de pessoas foram vítimas de homicídio. A média das últimas três décadas é de quatro brasileiros assassinados por hora. Só em 2010, foram mortas 50 mil pessoas, numa contabilidade de 137 assassinatos por dia. É mais que um massacre do Carandiru diariamente, quando 111 presos perderam a vida no confronto com a polícia. Uma pessoa foi morta a cada dez minutos no Brasil no ano passado.

Foram mortas exatamente 1.091.125 pessoas. Para se ter uma ideia da tragédia, só 13 cidades brasileiras têm uma população que ultrapassa 1 milhão. Se matou no Brasil muito mais gente do que em países onde há conflito armado - disse Júlio Waiselfisz, responsável pela pesquisa que consta do Mapa da Violência 2012, elaborado e divulgado na manhã desta quarta-feira pelo Instituto Sangari, em São Paulo.

Com dados compilados desde 1980, o estudo revela o avanço da violência ano a ano. Se 30 anos atrás 13.910 pessoas foram vítimas de homicídio no país, em 2010, o número de mortes chegou a 49.932. Foi um crescimento de 258%. A população também aumentou no período, mas não na mesma velocidade. Passou de 119 milhões para 190 milhões de habitantes, registrando crescimento de 74%.

Em relação a outros países, a situação é alarmante. Enquanto no Brasil 1,1 milhão de pessoas foram mortas nos últimos 30 anos, a guerra civil da Guatemala, que durou 24 anos, registrou 400 mil mortes. A disputa religiosa entre Israel e Palestina, entre 1947 e 2000, foi marcada pelo assassinato de 125 mil pessoas.

Desde 1980, a taxa de homicídio para cada 100 mil habitantes também deu um salto considerável, passando de 11,7 para 26,2. Segundo o estudo, na última década foi observado crescimento rápido das taxas até 2003, quedas relevantes até 2005 e, a partir deste ano, equilíbrio instável, com cerca de 26 homicídios para cada 100 mil habitantes. A década fechou com taxa de 26,2 homicídios, semelhante ao verificado em 2000: 26,7.

O estudo ainda mostra que 17 estados que tinham as menores taxas do país no ano 2000 viram seus índices aumentar. Alagoas é o estado que ocupa a primeira posição no ranking dos mais violentos. Passou da décima-primeira colocação dez anos atrás, com taxa de 25,6 mortes por 100 mil habitantes, para o topo do pódio com a marca mais preocupante: 66,8.

Dois estados fizeram o caminho inverso. Enquanto, na última década, São Paulo diminuiu a taxa de homicídio de 42,2 para 13,9 por 100 mil habitantes, (4º para 25ª lugar no ranking), o Rio de Janeiro reduziu a taxa 51,0 para 26,2 (passou de 2º para 17º).

- Três fatores explicam a redução das taxas de homicídios em alguns lugares: campanha do desarmamento, investimento em segurança pública e políticas estaduais - disse Waiselfisz.
Num recorte feito por raça e cor, o estudo mostra que enquanto pessoas brancas estão morrendo cade vez menos vítimas de homícidios, boletins de ocorrências registram elevação de assassinatos contra os negros. Em relação aos brancos, diz o mapa: foram assassinados 18.852, em 2002, 15.753 (2006) e 13.668 (2010). Sobre os negros, a situação é mais crítica: foram mortos 26.952 (2002), 29.925 (2006) e 33.264 (2010).

O documento revela ainda que o Espírito Santo é o estado que registra o maior número de homicídios de mulheres: 9,4 para cada 100 mil habitantes, segundo os dados de 2010. Alagoas está em segundo lugar, enquanto Rio de Janeiro e São Paulo ocupam, respectivamente, 25ª e 26ª colocações.

Em relação aos assassinatos de jovens, entre 15 e 24 anos de idade, os números também são alarmantes. Mais de 201 mil pessoas nessa situação foram mortas em 2010. Na comparação com 2000, o mapa registrou crescimento de 11,1% de homicídios contra jovens.

Fonte: O Globo

12 dezembro 2011

Canadá abandona oficialmente o Protocolo de Kyoto



Canadá se retirou do Protocolo de Kyoto, um acordo para redução das emissões de gases do efeito estufa, declarou nesta segunda-feira (12) o ministro canadense do Meio Ambiente, Peter Kent.



"Estamos invocando o direito legal do Canadá de abandonar formalmente (o Protocolo de) Kyoto", disse Kent após a conferência da ONU sobre o aquecimento global encerrada no domingo em Durban, África do Sul.
"Kyoto não funciona" e o Canadá corre o risco de pagar multas de vários bilhões de dólares se permanecer neste acordo, disse Kent.
O Protocolo de Kyoto, fechado em 1997, é o único tratado global que fixa reduções de emissões globais de carbono.
Mas as reduções fixadas afetam os países ricos, com exceção dos Estados Unidos, que não é signatário do acordo, e não afeta os grandes emergentes como China ou Índia.
Sob o Protocolo de Kyoto, o Canadá concordou em reduzir até 2012 suas emissões de carbono a 6% menos que os níveis registrados em 1990, mas, em vez disso, suas emissões aumentaram consideravelmente.
A saída do Canadá do protocolo fará com que o país evite pagar multas de até 13,6 bilhões de dólares por não ter cumprido as metas.
Os representantes de cerca de 190 países aprovaram no domingo na conferência da ONU sobre o clima de Durban um mapa do caminho para um acordo global em 2015 destinado a reduzir as emissões de gas de efeito estufa.
Fonte: G1

04 dezembro 2011

Árvore Genealógica da Humanidade



Veto ao Novo Código

Brasil ganha 'prêmio Fóssil do Dia' na Conferência do Clima da ONU



A liga internacional de ONGs Climate Action Network (CAN) concedeu, nesta sexta-feira (2), à delegação brasileira na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 17), em Durban, na África do Sul, o prêmio "Fóssil do Dia" por causa do Código Florestal, que pode ser aprovado na próxima semana no Senado. O texto é considerado por ambientalistas um estímulo ao desmatamento.
O “Fóssil do Dia” é uma ironia – é uma antipremiação para países que se “comportam mal” nas negociações climáticas.

“Quando o mundo assiste atônito à falta de urgência das negociações em Durban, em busca de uma solução global para uma ameaça global, alguns países são capazes de um nível de cinismo e falta de consideração com as consequências de suas próprias ações que nos deixa confuso”, diz comunicado da CAN publicado na internet.
“Se a nova lei florestal brasileira, agora no Congresso, for aprovada, será um desastre para as florestas do Brasil, para o clima, para os indígenas na Amazônia e no resto das regiões, para a preservação da biodiversidade e para serviços ambientais que não têm preço”, prossegue a justificativa de premiação.

Consultado sobre o que achava dessa manifestação, o negociador-chefe do Brasil, André Corrêa do Lago, disse que “é preciso dissociar o prêmio da negociação em si (em Durban)".
Fonte: G1

03 dezembro 2011

Hey you




Hey you
Out there in the cold
Getting lonely, getting old
Can you feel me?
Hey you
Standing in the aisle
With itchy feet and fading smile
Can you feel me?
Hey you
Don't help them to bury the light
Don't give in, without a fight
Hey you
Out there on your own
Sitting naked by the phone
Would you touch me?
Hey you
With your ear against the wall
Waiting for someone to call out
Would you touch me?
Hey you
Would you help me to carry the stone?
Open your heart, I'm coming home
But it was only, fantasy
The wall was too high, as you can see
No matter how he tried, he could not break free
And the worms ate into his brain
Hey you
Out there on the road
Always doing what you're told
Can you help me?
Hey you
Out there beyond the wall
Breaking bottles in the hall
Can you help me?
Hey you
Don't tell me there's no hope at all
Together we stand, divided we fall

Racismo hipócrita


Política transparente

29 novembro 2011

Código Florestal: ambientalistas pedem mobilização da base aliada









Representantes do Comitê em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável entregaram, nesta terça-feira, ao secretário-geral da Presidência da República, ministro Gilberto Carvalho, um abaixo-assinado com 1,5 milhão de assinaturas contra as alterações no projeto do Código Florestal e pediram mobilização da base aliada do governo para impedir a aprovação de um texto que prejudique a preservação ambiental.
“Existe uma base aliada que precisa ser mobilizada para fazer prevalecer os compromissos assumidos pela presidente (Dilma Rousseff), e isso até agora não aconteceu, como tínhamos expectativa. Quando foi a discussão do pré-sal, houve mobilização da base, quando temos assunto de interesse de governo, há toda uma mobilização da base", disse a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva.
Caso o texto seja aprovado contrariando o que defendem os ambientalistas, haverá uma campanha para que a Dilma vete os trechos que eles consideram prejudiciais ao meio ambiente.
O vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom José Belizário, citou como pontos preocupantes da proposta a redução de áreas de preservação permanente (APPs) em margens de rios e a anistia a quem desmatou até 2008. “A discussão sobre o Código Florestal é um debate ético antes de ser somente técnico e econômico”, ressaltou o bispo.
Dom Belizário disse ter ouvido do ministro Gilberto Carvalho que a presidente Dilma Rousseff cumpre aquilo que promete. Marina Silva, então, lembrou: “Dilma se comprometeu, no segundo turno das eleições, a vetar qualquer dispositivo que signifique aumento de desmatamento e anistia para desmatadores”. Marina disse ter entendido a declaração de Carvalho como um respaldo ao compromisso assumido por Dilma. Os manifestantes pediram ao ministro uma audiência com a presidente Dilma Roussef.
Antes de serem recebidos, os ambientalistas fizeram uma manifestação em frente ao Congresso Nacional e ao Palácio do Planalto com faixas e balões pedindo à presidente Dilma Rousseff que preserve as florestas. O ato em frente ao Palácio do Planalto teve a participação de cerca de 200 crianças que soltaram balões verdes.
O Comitê em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável reúne organizações como o Greenpeace, o SOS Mata Atlântica, a Via Campesina, o WWF Brasil e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). 

23 novembro 2011

Por aprovação do Código Florestal, relator fará concessões a ruralistas


Na tentativa de conseguir aprovar seu relatório sobre o Código Florestal na Comissão de Meio Ambiente, o senador Jorge Viana (PT-AC) deve fazer novas concessões à bancada ruralista. O texto será analisado hoje.

Viana disse que há um entendimento para modificar parte do texto que trata da recomposição de APPs (áreas de preservação permanente). A proposta deve manter a obrigação para recompor margens de rios em pelo menos 15 metros de mata ciliar para rios até 10 metros de largura, mas vai estabelecer que esta regra, para propriedades com até quatro módulos fiscais (unidade que varia para cada município), não poderá exceder 20% da área da propriedade.  

 Outra modificação será em relação as restrições para áreas produtivas em encostas com 25° de inclinação, que traria problemas à produção de leite. Viana não detalhou como será feito isso. "As condições para o entendimento estão dadas", disse o relator.

 As modificações atendem em parte aos ruralistas. Ontem, a senadora Kátia Abreu (PSD-TO), que também é presidente da CNA, classificou o texto de retrocesso. Ela disse que, sem um entendimento sobre as restrições para produção em encosta, sobre as faixas mínimas de recuperação em APPs e anistia para o proprietário rural irregular, que só vale agora para pequenos agricultores, iria tentar barrar a análise da matéria.

 A CNA deve apresentar nove emendas para alterar o texto. São ao menos 180 emendas que tentam modificar o texto. A sala de reunião da comissão está tomada por representantes do agronegócio. Até agora, o único mal-estar ocorreu quando a ex-ministra do Meio Ambiente e ex-senadora Marina Silva mencionou a questão da chamada anistia aos produtores. Ela foi vaiada.

 
No início da reunião, Kátia disse que deve apoiar a votação da matéria. Segundo ela, os ruralistas não estão satisfeitos totalmente, mas querem avançar com a discussão. Para a senadora, não haverá unanimidade em torno da proposta. "Não somos como crianças birrentas que querem que tudo fique como queremos", disse.

 
Ela disse que espera um acordo para que as multas ao agricultor que cometeu crime ambiental sejam anuladas automaticamente com a adesão ao Programa de Regularização Ambiental.

 
Pelo texto apresentado por Viana, a suspensão da multa não é mais automática e só vale para pequenos agricultores. "Estamos possibilitando tirar a multa para todos os produtores. Crime é crime, se praticou crime ambiental e o pequeno pode recuperar, porque o grande não?", disse.

Fonte: Folha.com

Resumo do novo código


Esta foto ilustra bem o que move o debate por um "código atualizado": dinheiro.

Tem algo errado aí [2]


20 novembro 2011

Conhecimento pleno

Segue um trecho do filme "O vento será tua herança (Inherit the Wind)", que trata do caso real de um professor que foi julgado por ensinar o Evolucionismo em uma escola dos EUA, no ano de 1925. Nessa cena, o advogado do professor argumenta sobre o perigo em se restringir esse tipo de informação.



Clique para saber mais do filme.

Comfortably Numb




Hello,
Is there anybody in there?
Just nod if you can hear me
Is there anyone at home?
Come on now
I hear you're feeling down
Well, I can ease your pain
And get you on your feet again
Relax
I'll need some information first
Just the basic facts
Can you show me where it hurts
There is no pain, you are receding
A distant ship's smoke on the horizon
You are only coming through in waves
Your lips move but I can't hear what you're saying
When I was a child I had a fever
My hands felt just like two balloons
Now I've got that feeling once again
I can't explain, you would not understand
This is not how I am
I have become comfortably numb
I have become comfortably numb
O.K.
Just a little pin prick
There'll be no more...aaaaaaaah!
But you might feel a little sick
Can you stand up?
I do belive it's working, good
That'll keep you going, through the show
Come on it's time to go.
There is no pain you are receding
A distant ship's smoke on the horizon
You are only coming through in waves
Your lips move, but I can't hear what you're saying
When I was a child
I caught a fleeting glimpse
Out of the corner of my eye
I turned to look but it was gone
I cannot put my finger on it now
The child is grown
The dream is gone
And I have become
Comfortably numb.

13 novembro 2011

A história


Rodas, Serra , Maluf e Steve Jobs



Os recentes fatos ocorridos no campus da USP são traduzidos pela mídia como um mero caso de infração criminal pelo uso de drogas ilícitas na universidade.Enquadrados pela Polícia Militar ao serem flagrados fumando maconha, os estudantes teriam partido para o vandalismo gratuito, com agressões contra policiais e destruição do patrimônio público, impondo à sociedade que sustenta a USP um território privilegiado acima das leis e da Constituição.
.
 
Quem estuda, trabalha e leciona na USP e acompanha a história da universidade nas últimas décadas, sabe que esta redução do problema a uma simples ocorrência policial é falsa e manipuladora.
.
O atual reitor João Grandino Rodas, chegou à reitoria nos mesmos moldes da eleição de Antônio Hélio Vieira em 1981, indicação do governador Paulo Maluf que desrespeitava o primeiro colocado na lista sêxtupla escolhido pela comunidade; o ex-governador José Serra, num ato de reverência a seu antigo antecessor, que é hoje procurado pela Interpol, desprezou a escolha da universidade, que indicara Glaucius Oliva como primeiro da lista tríplice, dando posse a Rodas.
.
Ora, a alguém que já chega à reitoria deslegitimado desta forma não deve causar surpresa a resistência às suas ações,ainda mais que o reitor imposto à USP alcançou o cargo com a imagem indesejada da inédita invasão da polícia na Faculdade de Direito São Francisco; não por caso recentemente Rodas foi considerado “persona non grata” pela comunidade das Arcadas após tentar privatizar salas e desestruturar a centenária biblioteca da escola.
.
Ao longo dos anos 80 e 90 as lutas pela democracia na universidade pública cresceram em sintonia com as conquistas irreversíveis da sociedade brasileira, representadas pelas Diretas Já e eleições populares em todos os níveis, do âmbito municipal ao federal; neste sentido, a antiga lista sêxtupla para a eleição do reitor foi reduzida a tríplice, e depois disso a pressão por eleição direta para reitor começou a figurar constantemente nos debates acadêmicos; esperava-se ao menos que o governo respeitasse a tradição encerrada com Maluf e indicasse o primeiro da lista.
.
Paralelo a tudo isso, o sindicalismo de trabalhadores das universidades estaduais se fortaleceu, representando resistência à desvalorização imposta pelos governos tucanos ao longo dos últimos 16 anos. Em outro lado, as associações de docentes tiveram participação ativa em atos de repúdio às políticas autoritárias do governo paulista representado pelas reitorias.
.
O resultado geral deste cenário se resume às inúmeras greves, ocupações de prédios públicos com invasões da Polícia Militar, demissões de sindicalistas, indiciamento e expulsão de estudantes, fatos emoldurado por atos de repúdio à truculência da reitoria por notáveis da USP, como Antonio Candido e Marilena Chaui entre outros,
.
Rodas tem demonstrado uma estratégia eficaz no processo de esmagar a resistência à vontade do governo estadual: logo ao assumir provocou habilmente uma divisão no movimento de docentes e trabalhadores ao quebrar a isonomia e conceder um reajuste salarial aos primeiros, desarticulando assim o poder de oposição do sindicato. Além disso, aparelhou a Assessoria de Imprensa da Reitoria, que vem sistematicamente doutrinando a comunidade interna com e-mails e boletins que buscam jogar estudantes e professores contra os opositores aos objetivos autoritários da reitoria. A mesma assessoria que vende a imagem hoje na mídia de que os estudantes são nada mais do que baderneiros, vagabundos e infratores que dilapidam o patrimônio público apenas pelo torpe motivo de fumar maconha livremente no campus.
.
Quanto ao corpo discente da USP, há um universo emergente de meninos e meninas recém ingressados na graduação, notadamente na FEA e na POLI que, nascidos em meados dos anos 90 desconhecem as lutas pela liberdade de expressão política travadas na universidade a partir dos anos 60; este contingente é focado na competição profissional, para quem o mais importante é o mercado de trabalho. Movimento estudantil, militância política e democracia são palavras desconhecidas que pouco lhes interessam e o que os ocupa é a conquista rápida do diploma e a luta por uma carreira; pouco lhes importa se o reitor foi escolhido pela comunidade ou não, ou se os salários dos professores foram defasados nas últimas décadas, nem mesmo que não haja infraestrutura para um ensino de qualidade. Quando questionados sobre o autoritarismo da reitoria e a militância dos estudantes, os “meninos do mercado”, usando de sua incipiente formação pré-vestibular consideram “sem noção”, como eles costumam falar, pensar em repressão 25 anos após o fim da ditadura; assim, os manifestantes não passariam de paranóicos com uma saudade patética de maio de 68. Para a “galera pró-mercado”, Vladmir Herzog é um ilustre desconhecido e “o cara” da vez é Steve Jobs: a única revolução que conhecem é a digital, representada por IPads e IPhones, que lhes permitem atualizar o Facebook  e tuitar no trânsito.

Para os “órfãos de Jobs”, o mais importante são os confortos imediatos do dia a dia no campus: o restaurante universitário, o ônibus circular; a bolsa-alimentação; o passe escolar, a conexão wifi e todas as vantagens de consumo que o “shopping USP” possa oferecer. O problema é que tudo isso fica ameaçado pelas greves e expedientes de luta pela democracia na universidade. Sugar o que a universidade oferece, sim, participar da construção da mesma, nunca. Rodas, competente estrategista que é, sabe que usando as insatisfações de consumo deste público, em combinação com a exposição na mídia dos grandes jornais e estações de TV, pode jogar a opinião pública contra os manifestantes e desarticular a resistência.
.
E é o que ele tem feito com inegável maestria: instrumentalizando a comoção coletiva pelo assassinato de um estudante da FEA, mobiliza o Conselho Universitário, devidamente espaldado pela “meninada do mercado” e institucionaliza a militarização do campus. Em seguida divulga que não tem autoridade para tirar a PM da USP pois quem decidiu tudo foi o Conselho Universitário, jamais o reitor. Alheio às liberdades individuais conquistadas em décadas de lutas legítimas, nivelou o ambiente da USP ao clima das numerosas faculdades de freiras que ele próprio cursou na juventude. Os grandes professores da USP, muitos deles testemunhas da efervescência cultural e política da universidade em seu tempo de formação, e que vivenciaram o uso de maconha na juventude, assistem impassíveis a transformação do campus em um tipo de internato colegial.
.
O que chama a atenção é a ambiguidade do governo Alckmin: na conhecida Cracolândia, reduto de consumidores de crack no centro paulistano, o governo faz “cara de paisagem” e a PM tem a orientação de tratar o caso como um “problema de saúde”: causa surpresa observar viaturas policiais percorrendo o local completamente alheias ao consumo de droga. (http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2011/11/multidao-e-flagrada-c... ) Já no caso dos garotos flagrados na USP o discurso do governador é de que trata-se de um “caso criminal” que depende de ação policial, bombas de gás e balas de borracha, parecer que se choca com as campanhas pela descriminalização lideradas pelo decano de seu próprio partido, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
.
Rodas sabe que reduzindo a problemática a um simples evento criminal pode justificar e implantar definitivamente um aparelho de coerção às lutas estudantis e sindicais: com a PM no campus poderia reprimir as greves e movimentos de oposição às gestões impostas pelo governo de São Paulo. Para o reitor, moleques levados apertando baseadinhos é o de menos, o que o incomoda realmente é a resistência organizada a seu projeto autoritário, que não prevê negociação e diálogo em seu processo. As línguas maldosas poderiam observar que talvez o reitor tenha desistido da carreira diplomática por absoluta falta de talento para o ofício; mas o que interessa à universidade, mais do que ironia é o entendimento objetivo do conflito na USP.
.
Em entrevistas para os meios de comunicação, o reitor articula um impecável discurso pacifista, onde de um lado estariam os homens de bem e os estudantes aplicados, que são a maioria, e do outro, a turma do mal e os maus alunos, que constituiriam uma minoria radical : como estes se recusariam a agir dentro da lei, lava as mãos, vítima que seria desta gente violenta, e abandona as prerrogativas do cargo entregando o destino da USP nas mãos da polícia e da justiça.
.
Daltson Takeuti, graduando do Departamento de Música da USP.