19 julho 2013

Com quem você acha que está falando?

Assim deveria caminhar toda a humanidade



No dia 9 de julho desse ano, a prefeitura de Vancouver divulgou os números atualizados da cidade, entre os quais, consta a redução de 4% das emissões de gases de efeito estufa. Depois de ter assumido o compromisso de se tornar a cidade mais verde do mundo em 2020 e estabelecido suas metas, o governo mostra com transparência todos os progressos em documento oficial aberto ao público geral.

Entre os avanços, o desperdício na cidade, que era 480 mil toneladas por ano, caiu para 428 mil, um número ainda grande para quem quer chegar a apenas 240 mil toneladas desperdiçadas anualmente até 2020. Porém essa redução de 11% marca um começo otimista para a meta ambiciosa de desperdício zero.

Com sete anos ainda pela frente até o prazo final, Vancouver tem dado passos firmes em direção ao posto número um. A posição atualmente é considerada de Reykjavik, capital da Islândia, em cuja energia provém unicamente de fontes renováveis, realidade diferente da cidade canadense. Os combustíveis fósseis são um dos inimigos no caminho para reduzir a pegada ecológica e combater as mudanças climáticas e, desde 2011, já foram reduzidas cerca de 100 mil toneladas no total de emissões anuais de Vancouver. Nessa competição saudável onde não há júri oficial, ganha um planeta de vencedores, independente de qualquer ranking.

É importante fazer a ressalva de que apesar da redução de lixo, poluição e, consequentemente, da pegada ecológica, a cidade não parou de crescer. Tanto a população quanto a economia, que continua próspera. Um dos principais trunfos do Plano de Ação é considerar aspectos econômicos conciliados aos interesses ambientais. A Comissão Econômica de Vancouver (VEC) apoia os chamados empregos verdes, aqueles que contribuem significativamente para preservar ou restaurar a qualidade ambiental. De acordo com a última pesquisa (2010), a cidade conta com quase 15 mil pessoas que trabalham em posições consideradas verdes, que incluem técnicos em energia, profissionais em reciclagem, gerentes de sustentabilidade, entre outros, assim como talvez um dos mais importantes e tantas vezes não lembrado, professor. 


A tarefa dos educadores que moldam mentes para o futuro é de suma importância para criar o pensamento verde nos alunos e ensinar uma população inteira a matemática do planeta Terra. A conscientização anda lado-a-lado com os investimentos concretos. No caminho do desenvolvimento sustentável, Vancouver amplia ciclovias, investe em parques e áreas arborizadas, estimula empregos e construções verdes, fortalece o comércio local, vai atrás da excelência na água e no ar, e vê seu futuro criar raízes numa terra fértil.

O movimento por uma cidade mais verde tem contagiado na internet também, onde pessoas trocam ideias e acompanham a corrida em nome da sustentabilidade. As redes sociais, por exemplo, além de uma forma eficaz para divulgação de informações, dispensam qualquer impressão em papel – as árvores curtem isso.

O esforço de Vancouver foi reconhecido pelo grupo da Hora do Planeta, que a premiou como a capital de 2013 de acordo com a escolha do público. Numa época em que meio ambiente virou assunto sério no discurso de governantes, está na hora de ver suas frases em papéis que façam as coisas acontecerem. Assim como Vancouver, está na hora de outras localidades fazerem seus planos de ação e arregaçarem as mangas. O relógio do planeta espera que todos fiquem na hora certa e não ponham o alarme para despertar tarde demais.


Fonte: O Eco

15 julho 2013

Carro ecologicamente correto faz até 21 km por litro de combustível no AC


Um veículo 1.4 com potência de carro 1.6 e economia de combustível de 1.0. Um automóvel que roda cerca de 240 km com 12 litros de combustível, fazendo pouco mais de 21 km por litro e que com mais de 61 mil km rodados teve sua última troca de óleo quando ainda estava com 8 mil km. Tudo isso somado ao fato de estar preocupado com a preservação do meio ambiente. Assim é o Montana do economista carioca Álvaro Augusto de Oliveira, de 55 anos, natural de Resende, no estado do Rio de Janeiro, e que mora em Rio Branco, capital do Acre, desde 2007.
Augusto conta que quando chegou ao Acre percebeu que seu gasto com combustível era muito alto, impactante no dia a dia. Então, passou a pesquisar formas para minimizar os custos.
“Descobri que durante a Segunda Guerra Mundial, quando os ingleses estavam no deserto na África, tinham dificuldade de ter acesso a combustível, principalmente para avançar das linhas alemãs. Com isso, projetaram um sistema com caixas herméticas onde se produzia o hidrogênio a partir da água. Fiquei curioso, pois falava em anodo, catodo, que são as placas que através do choque na água, revertiam a equação de duas de oxigênio para duas de hidrogênio. Pesquisando mais a fundo, descobri formas de fazer com que isso saísse da teoria e fosse para a prática”, afirma.
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Investindo para economizar e contribuir com o meio ambiente
O sistema foi construído pelo próprio economista, que diz ter investido algo em torno de R$ 3 mil, adquirindo as peças necessárias em mercados diversos. “A água utilizada pode ser da chuva, que é isenta de cloro. Pode ser também do ar condicionado. É uma água que tem a condutividade perfeita. Coloco cerca de ½ copo de água a cada 500 km”, afirma Augusto.
Ele diz que o sistema ecologicamente correto pode ser desenvolvido em qualquer automóvel, inclusive em barcos, caminhões, geradores de energia elétrica. “Pode ser aplicado desde que haja uma bateria para transformar energia mecânica em energia química”, garante.
De acordo com Álvaro Augusto, antes da implantação do sistema no seu carro, gastava, em média, R$ 700 de combustível por mês. Depois passou a utilizar o recurso o gasto reduziu para cerca de R$ 250.
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Sistema semelhante para motocicletas
Álvaro Augusto criou também um sistema semelhante ao instado em seu automóvel, mas para motocicletas. “Como a moto é um veículo menor, necessita de um sistema menor para poder não ocupar muito espaço. Criei uma célula que pode ser parafusada na carenagem da moto e é ligada no fio da bateria nos dois polos (anodo e catodo). Ela gera o hidrogênio que auxilia na queima do combustível junto com a gasolina. Já testei no carro e é eficiente”, garante.
O economista declara que não pretende patentear suas criações. Para ele, produtos como esses devem ser socializados com todos pensando no futuro do planeta. “O ideal é que todo mundo use. A poluição do meio ambiente é muito grande, então temos que socializar isso com as pessoas, democratizar ao máximo porque o planeta é nosso e dos nossos filhos. Não adianta querermos pensar só no lado financeiro da coisa, querer só ganhar dinheiro e acumular cada vez mais riqueza. Daqui a pouco a gente morre e a poluição continua”, justifica Álvaro Augusto.
Ele fala que nunca ouviu ser chamado de louco quando fala sobre a economia de combustível que tem com seu carro, mas acredita que muitos devem pensar isso. “O pessoal duvida muito, mesmo vendo as coisas são céticos. É uma coisa que está me beneficiando então está tudo bem, por isso evito até mostrar para as pessoas. As pessoas são muito descrentes hoje em dia”.
Observando que no custo dos bens que consumimos diariamente, o combustível está diretamente envolvido, Augusto revela que está trabalhando em uma técnica para produzir óleo diesel e gasolina a partir de óleo de cozinha já utilizado. “É o combustível ecologicamente correto. Só me falta o espaço adequado para poder produzir e armazenar”, conclui.
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Fonte: G1

04 julho 2013

Projeto de royalties do Senado corta metade do recurso para Educação


Versão também reduz a 15% valor previsto para Saúde em relação a projeto da Câmara, que agora tem a incumbência de mandar uma das duas versões para Dilma

As alterações feitas pelo Senado no projeto de lei aprovado na Câmara que destina os royalties do petróleo cortaram metade do valor que seria destinado para Educação e reduziram a 15% o que Saúde receberia até 2022. Agora, o substitutivo volta a Câmara e os deputados serão responsáveis por escolher entre o projeto em que haviam votado antes – por unanimidade em meio ao calor das manifestações que tomara as ruas no Brasil – e o que chega alterado pelos colegas senadores.
O projeto original, enviado pela presidente Dilma Rousseff renderia em 10 anos R$ 25 bilhões para Educação. As alterações da Câmara elevaram o valor para R$ 279 bilhões, reservando um quarto para saúde (R$ 70 bilhões) , ou seja, apesar da divisão com outra área ainda aumentava em oito vezes o valor para o ensino que passaria a R$ 209 bilhões.
O Senado fez uma terceira versão em que retira Saúde da fatia sobre os royalties que serão pagos nestes próximos anos e a área fica apenas com um quarto do rendimento do fundo depositado, mas também diminui o valor total para os dois setores. Segundo planilha da Comissão de Petróleo da Câmara elaborada pelo consultor parlamentar Paulo Cezar Ribeiro Lima, a proposta do Senado garante em 10 anos 108 bilhões, R$ 10,7 bilhões para Saúde e R$ 97 bilhões para Educação (54% a menos).
AnoValor pelo projeto da Câmara Valor pelo projeto do Senado
2013R$ 6,15 bilhõesR$ 0,87 bilhões
2014R$ 2,24 bilhõesR$ 1,81 bilhões
2015R$ 8,44 bilhõesR$ 2,88 bilhões
2016R$ 6,80 bilhõesR$ 5,04 bilhões
2017R$ 17,06 bilhõesR$ 7,66 bilhões
2018R$ 24,33 bilhõesR$ 10,69 bilhões
2019R$ 40,62 bilhõesR$ 14,77 bilhões
2020R$ 47,71 bilhõesR$ 19,26 bilhões
2021R$ 62,07 bilhõesR$ 22,04 bilhões
2022R$ 63,66 bilhõesR$ 23,16 bilhões
Total R$ 279,08 bilhõesR$ 108,18 bilhões

O valor impossibilita chegar a 10% do PIB brasileiro ao final de uma década e, com isso, cumprir o Plano Nacional de Educação (PNE) que estabelece 20 metas básicas para melhorar a qualidade e o acesso ao ensino no Brasil. “A força das ruas já garantiu avanço em relação ao projeto inicial, mas se esta proposta passar, será insuficiente”, diz o coordenador-geral da Campanha pelo Direito à Educação, Daniel Cara.
Limitação para professores
O projeto do Senado também colocou teto de 60% para aplicação dos recursos com professores. A Câmara dos Deputados havia incluído o pagamento de salários para que Estados e Municípios tivessem mais dinheiro para investir na valorização do professor. 
O Senado fez modificações que colocam a seguinte redação ao texto. “As receitas poderão ser aplicadas no custeio de despesas com manutenção e desenvolvimento do ensino, especialmente na educação básica pública em tempo integral, inclusive as relativas a pagamento de salários e outras verbas de natureza remuneratória a profissionais do magistério em efetivo exercício na rede publica, limitado a 60% do total”.
Gestores público têm reclamado que o piso salarial dos professores, ajustados acima da inflação para reverter a desvalorização do profissional, ameaça orçamentos de Cidades e Estados menos abastados. Até o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, já afirmou a necessidade de frear o aumento no piso dos professores .

A expansão humana e o encolhimento da biodiversidade



Um dos maiores problemas ambientais causados pelas ações humanas é a acelerada redução do número de espécies existentes, todas elas resultantes de um antiquíssimo processo evolutivo. Pelo que sabemos, cerca de um e meio bilhões de anos após a formação da Terra, apareceram formas muito primitivas de vida nos oceanos, mas os organismos mais complexos só surgiram há algo como 600 milhões de anos, passando por autêntica explosão de biodiversidade 50 milhões de anos mais tarde e, desde então, a vida tem evoluído e se diversificado através dos tempos, até os dias atuais. Esse quadro, desvendado como resultado de pesquisas geológicas e paleontológicas, evidencia-nos as linhas gerais do extraordinário espetáculo da história da vida, da qual nós, seres humanos, fazemos parte. Sua revelação foi um dos mais espetaculares feitos da mente humana.

Ao longo dos tempos, inúmeras espécies surgiram e desapareceram, as que se extinguiram substituídas por outras delas descendentes, demonstrando uma tendência geral de aumento de biodiversidade. Não obstante, esta tendência não foi constante, exibindo sempre períodos de acréscimos e de diminuição. Épocas houve em que, devido a fenômenos climáticos e geológicos excepcionais, e mesmo a impactos de corpos celestes de avantajadas dimensões, os eventos de extinção se acentuaram brutalmente. Nos últimos 500 milhões de anos são reconhecidos pelo menos cinco desses episódios particularmente devastadores, denominados “extinções em massa” pelos estudiosos da história da vida. Após todos eles, contudo, dentro de alguns milhões de anos, a biodiversidade foi recomposta por novas espécies geradas pela evolução daquelas sobreviventes ao cataclismo biológico. O mais intenso desses episódios, ocorrido há 250 milhões de anos, extinguiu entre 70% a 90% de toda a vida na Terra.

Hoje, vem sendo evidenciado que vivemos uma sexta extinção em massa, desta vez causada por uma só espécie: o homem. A diferença das demais é a sua velocidade, muitíssimas vezes mais acelerada. Enquanto as outras arrastaram-se durante muitos milhares ou milhões de anos – exceto talvez uma delas aparentemente causada por um impacto de um corpo celeste há 65 milhões de anos - a atual vem ocorrendo em apenas poucos séculos, e está em aceleração acentuada.

Humanos causam extinção acelerada


As causas dessa hecatombe biológica atual são múltiplas, mas basicamente se resumem à explosão demográfica humana e suas consequências, com a ocupação e destruição dos ecossistemas naturais decorrentes da agropecuária, construção de cidades e estradas, e demais atividades impactantes, além da exploração ambiciosa e descontrolada dos recursos naturais de toda ordem. Basta lembrar que a espécie humana, Homo sapiens, levou cerca de 200.000 anos desde sua origem na África, segundo ensinam os conhecimentos atuais, para alcançar 1,5 bilhões de seres no início do Século XX, e em apenas pouco mais de um século atingiu os sete bilhões de hoje, com a perspectiva de crescer mais três bilhões até o fim deste século. É evidente que estamos ocupando aceleradamente os espaços vitais dos demais seres vivos, destruindo seus ambientes naturais, e explorando-os sem quaisquer considerações com o futuro.

Por tais razões, uma avaliação científica terminada em 2010, estudando a situação dos seres vivos que puderam ser quantificados, levou à conclusão que estão em processo de extinção 21% dos mamíferos, 12% das aves, 28% dos répteis, 30% dos anfíbios e, surpreendentemente, nada menos do que 71% das plantas, com a situação tendendo ainda a agravar-se. Enquanto o tamanho da população humana é medida em bilhões de indivíduos, as de muitos animais, principalmente os de grande porte, o são em poucos milhares e, mesmo, centenas ou apenas dezenas. Claro está que todos esses seres se avizinham rapidamente da extinção. Um colossal número de espécies sofre com seus hábitats repetidamente fragmentados, e estes fragmentos não cessam de reduzir-se. E o mesmo acontece com as populações de plantas e animais neles existentes. Se as tendências atuais forem mantidas, a biodiversidade em futuro não distante tornar-se-á profundamente reduzida.

E como será possível inverter tais tendências ou, pelo menos, atenuá-las? Acima de tudo, propiciando ampla conscientização de todos que nós também fazemos parte da natureza e que dela dependemos pelos seus serviços ambientais; e, ainda, reconhecendo que não é ético eliminarmos a diversidade dos demais seres vivos. Além dessa medida essencial, é indispensável estabelecerem-se áreas naturais, em terra e no mar, nas quais se mantenha o mínimo possível de influência humana direta. Em conferência internacional havida em 2010, foi recomendado que para este fim fossem cuidadosamente reservados 17% de todas as áreas terrestres e 10% das marinhas. 

E, além de tudo isso, é fundamental reconhecermos que não somos a última geração e que devemos às futuras a herança de um planeta tão íntegro quanto possível, pelo menos tanto quanto o recebemos de nossos antepassados.


Fonte: O Eco

01 julho 2013

Os Ombros Suportam o Mundo



Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.


Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.


Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.


Carlos Drummond de Andrade

O que nos separa dos macacos?